Foi uma lua cheia e rosa a imagem que eu atrevidamente te mandei há 22 anos.
Foi em fase de lua cheia, próximo à Páscoa que nos encontramos na primeira vez.
E foi num dia de lua cheia que também nos reencontramos, em 17 de janeiro de 2022, para fechar um ciclo.
Foi um magnetismo forte como a lua, que me fez ir atrás de você. E até hoje não sei como fui capaz de fazer isso, sem nem saber nada sobre você.
Dezesseis anos de diferença entre nós, dezesseis anos o tempo que também demorei para te rever, como um estranho renascimento.
Em tantos intervalos ao longo desses dezesseis anos eu me omiti ou disse não, e continuei a dizer agora
quando você de novo me perguntou. Mas, magicamente para além da minha negativa, uma
janela no tempo se abriu à minha frente e me fez ver tantas coisas... nessa
hora te descongelei, a afetividade das águas retornou, e chorei por não ter reconhecido
certas coisas, e assim foi que comecei a me abrir novamente pra você.
E ainda assim foram tantos os sonhos e sinais para resistir a te ver... difícil e inimaginável interpretar o que então ocorreria. Mas um chamado maior me fez ignorar todos os sinais e a querer ouvir o que você tinha a me dizer e a estar perto de você - o que acabou sendo assim por tão pouco tempo, infelizmente.
E sua energia se fez tão presente e tão forte por tantos dias aqui, de um jeito
doce e intenso como você era... tecendo o encontro final.
Sim, talvez eu tivesse alguma opção de não participar desse marcado
fim, e vejo o quanto você também me protegeu dessa decisão em que eu concordasse
em ser parte nesse novo “mundo” que você tanto queria. Não era bem esse “mundo”
que imaginávamos, mas quantos mistérios há nessa vida! E se era só “por mim” - por você e por nós eu disse sim.
Sempre foi também uma força maior, que me trazia paz ao
confiar em você. E não foi diferente agora. Força essa que deve ser ativa no
desejo em comum e humano, de amar e ser amado(a).
Então só permiti... fui no fluxo, disse sim, permiti que você conduzisse a dança. Você me olhou dizendo quero Avalon, As Brumas de Avalon! E veio na impetuosidade de tantos anos e tantas esperas. Tantas palavras ficaram por serem ditas, beijos e abraços foram a prioridade. Não pude conter você fisicamente, da mesma forma que não pude conter a avalanche da sua energia aqui nesses últimos meses.
E você se foi... pegando carona na abertura de um êxtase,
assim como um dia me contou que seria bom de se ir. Nada de hospital, nem tubos,
nem invasões. Me desesperei por socorro, para te salvar para os seus,
mas no fim eu estava ali ao seu lado.
* Dream a Little Dream Of Me - Ella Fitzgerald
"Sonhe um Pequeno Sonhe Comigo" - foi uma das músicas que você, Eduardo, escolheu para me mandar em dez/21.
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♥