Na quarta passada, na Mostra Internacional de Cinema da TV Cultura, passou Lilja 4-ever.
O filme russo é bem sombrio, triste. O triste constatado, o triste perturbador, o triste daquilo ou de quem não foi significado. Paralelamente vi as notícias de mais uma criança nascida e abandonada nas ruas para a sorte do destino. E como julgar tais mães ? Dizer que é horrível, cruel ? Não estamos na pele da mãe "cruel", para sentenciar, mas constatar que foram incapazes por seus motivos, de Significar (talvez aí nossa mais profunda e perturbadora incompreensão...).
Lilja é ficção, mas poderia ter sido uma destas crianças, era uma indesejada, e se não foi abandonada no nascimento, o foi em vida, como tantos são...
O filme na chamada dizia tratar-se do tráfico de meninas, da prostituição - é também sobre isso, mais como uma consequência da realidade, e também da mais barra pesada do filme.
O final me surpreendeu. Na cena entre vida e morte de Lilja, passa um flashback de todas as atitudes diferentes que Lilja poderia ter tido. Mostra que as oportunidades existiram. Que a não ilusão, a docilidade, que atitudes diferentes da condicionada poderiam ter aberto outros caminhos. O flashback divergente é lição, e quase uma remissão.
Remissão acompanhada pelo seu anjo de guarda, seu amigo Volodja.
Lilja rezava, e carregava cuidadosamente consigo em suas mudanças a imagem do anjo de guarda que zela pela criança, que é personificado em Volodja.
Volodja não é só mais um abandonado, na concepção do filme ele é para a vida de Lilja o resultado da sua fé (a que/a quem damos importância), ao que damos Significado.
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