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19 abril, 2016

Inclusão

"Tudo aquilo que deploro eu excluo. Tudo aquilo que recrimino eu excluo. Toda pessoa que tenho raiva eu excluo. Toda situação em que me sinto culpado eu excluo. Assim vou me tornando cada vez mais pobre." 
B. Hellinger


Hoje ao olhar o Facebook... vi uma onda de exclusões que vão pelo motivo -  mas além - da política. Amigo pedindo para olhar o face de quem segue fulano e por isso o eliminar, outro que diz que se não concorda com tal citação que o exclua não apenas do face, outro que vai fazer uma limpa nos reacionários. Boicota-se o show do outro, a apresentação da atriz. Aparecem histórias terríveis contra quem expressou sua opinião. Enviam uma lista pra você de quem votou contrário a sua opinião partidária, e por aí vai...

E tá assim...dureza! Não sabemos ou não aprendemos a lidar com as opiniões e divergências alheias. Confundimos uma opinião como se esta fizesse a pessoa inteira. Por uma opinião desvalorizamos todas as qualidades deste ser humano. E esquecendo que temos os mesmos defeitos em graus e degraus diferentes apenas. Julgamos, condenamos a torto e a direito. Ainda que o motivo seja aos nossos conceitos grave... não queremos saber, nem compreender, nem imaginar que se poderia praticar "compaixão" por aquele humano. Não. Afinal somos "diferentes". E como não podemos banir do mundo... agora eliminamos, excluímos declaradamente, nos posicionamos radicalmente.

E pior... quando alguém exclui quem exclui!!! 
É... ao invés de semear a compreensão, apenas fazemos mais do mesmo, mudam só as formas.

Queremos mudar a política, o país, queremos paz, mas ainda não mudamos a nós mesmos, agimos na base das emoções, das paixões, da violência e a propagamos. Ou excluímos, queremos fechar os olhos, deixar de lado, esquecendo que tudo faz parte, que aquilo que ignoramos continua a crescer nas sombras.
Que tal sermos mais generosos? A começar por nós mesmos, depois com as pessoas próximas, com a rede social... Que tal? Assim é que a mudança se dará, e espontaneamente.

No meio disso tudo, vi coisas muito boas no face que vale postar aqui, como o vídeo da Monja Coen e relembrei frases do Bert Hellinger, que nos diz algo bem além e maior sobre a exclusão:

Monja Coen - o que alimenta o mal:




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  • "Os bons excluem algo. Os moralistas excluem algo.
  •  E quem exclui algo ou a alguém, se converte exatamente naquilo que exclui"   

Tudo aquilo que deploro eu excluo. Tudo aquilo que recrimino eu excluo.Toda pessoa que tenho raiva eu excluo. Toda situação em que me sinto culpado eu excluo. Assim vou me tornando cada vez mais pobre.
O caminho oposto seria o seguinte:
Tudo aquilo que lamento, eu encaro e digo: Sim, assim foi, e coloco isso dentro de mim, com todo o desafio que me faz.  Eu lhe digo: "agora vou fazer algo com você. Vou tomar você como meu amigo ou como minha amiga" - seja lá o que for.
Tudo aquilo que me levou a acusar alguém, eu encaro e digo: "Sim. Olho-me para ver como posso receber de outra forma o que ficou perdido para mim. Vejo que força eu tenho para fazer isso sozinho, sem pedir ajuda a outro. Então tomo essa situação para dentro de mim, e ela se torna uma força. O mesmo vale para as culpas pessoais, que são aquilo que nós mais queremos excluir e rejeitar. Olho para elas e digo : "Sim". A culpa tem consequências. Eu as aceito e faço algo com elas. Assim a culpa se torna uma força e eu também cresço.
Quando eu tomo para mim o que rejeitei, o que me causou dor, fez-me sentir culpado ou injustiçado, seja o que for, nem tudo entra em mim. Algo permanece fora. Eu digo sim a tudo, mas o que entra em mim é somente a força. O resto fica simplesmente fora, não me infecciona: pelo contrario, desinfeta-me e purifica-me. A escória permanece fora, a brasa entra no coração."

Do livro Um lugar para os excluídos - Bert Hellinger - Editora Atman- 2006





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