"O problema não é somente o aquecimento global, e sim a crença psicológica profunda que todo ser humano tem na sociedade moderna, que se baseia no valor de tudo aquilo que gera dinheiro. De que qualquer coisa que você faça, tem valor se produzir dinheiro. Então se uma guerra for boa para a economia, então se começa uma guerra, se for necessário matar pessoas, mata-se pessoas, se tiver que destruir a natureza, então se destrói a natureza. Este é o erro fundamental mais profundo sobre a noção de valor. Eu sinto que é um problema muito maior. E é claro, o aquecimento global é um dos problemas decorrentes desse erro, e toda a poluição do meio ambiente produzida pela sociedade industrial são resultado disso. Quando vim pela primeira vez aos Estados Unidos fiquei culturalmente chocado ao ver que em uma semana 30 pessoas meditando juntas produziam mais lixo que algumas centenas de monges não juntariam em um mês na Índia. É muito desperdício, é incrível.
Este é um momento para ação, mas não para ações ignorantes, confusas, com dúvidas, com ganância, que é o que está acontecendo constantemente. É isso que destrói a sociedade, que destrói a natureza. Assim, quando falamos sobre ações deveriam haver mais ações iluminadas, o que significa que é necessário que as pessoas saibam melhor quem elas são. Ter essa conexão com elas mesmas, com quem elas realmente são e a compreensão deste estado interno profundo, do silêncio interno e quem realmente são. Se houvesse mais essa conexão, muitas respostas seriam dadas para aquilo que buscam em suas vidas. E não precisariam mais substituir isso por petróleo, dinheiro, guerras, coisas. Serão através das experiências do despertar que elas encontrarão respostas dentro de si.
Claro que não acreditamos que é suficiente ficar em paz e não fazer nada. Acreditamos em ações pacíficas, guerreiros pacíficos, acreditamos na criatividade. Definitivamente, tudo isso é resultado desta quietude. Ações resultam desta quietude, palavras, resultam do silêncio absoluto, a criatividade resulta da abertura do espaço ilimitado da mente."
—Tenzin Wangyal Rinpoche, mestre da tradição Bön, em entrevista para Novas Imagens.
Foto: Rogelio Flores
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