Páginas

29 novembro, 2019

Simplificar

“'Simplificar, simplificar, simplificar.'

 Estas refrescantes palavras escritas por Henry Thoreau recordam-nos de que muito do nosso sofrimento vem de adicionarmos complicações desnecessárias às nossas vidas. Parece que estamos continuamente a tecer elaboradas redes conceptuais, mesmo que à volta de eventos simples. Nós distorcemos a realidade, e envolvemo-la com complicações ao lhe sobrepormos construções mentais fabricadas. Estas distorções inevitavelmente levam a estados mentais e comportamentos que minam a nossa paz interior, assim como a de quem nos rodeia.

Quantos projetos humanos e causas nobres falharam simplesmente devido a complicações desnecessárias! Nós precisamos simplificar os nossos pensamentos, simplificar as nossas palavras e simplificar as nossas ações. Precisamos evitar cair em ruminações mentais circulares, conversas sem sentido, e atividades vãs que desperdiçam o nosso precioso tempo, e geram todo o tipo de situações disfuncionais.
Ter uma mente simples não é o mesmo que ser ‘básico’. A simplicidade da mente reflete-se em lucidez, em força interior, em vivacidade e num contentamento saudável que resiste às tribulações da nossa vida com um coração leve. A simplicidade revela a natureza da mente por detrás do véu de pensamentos irrequietos. Reduz o sentimento exagerado de auto-importância e abre os nossos corações ao altruísmo genuíno."

 —Matthieu Ricard, In Praise of Simplicity (https://www.matthieuricard.org/en/blog/posts/in-praise-of-simplicity--2)

21 novembro, 2019

Novo Blog - Sentidos - Psicoaroma!


Dias desses olhei aqui para o blog... e achei que ele não fazia mais muito sentido... rs
Ok...  faz um tantinho! Mas a gente muda e aos poucos vou alterando coisas por aqui...

Então, fiz um novo Blog - onde estarão contidos apenas sobre os óleos essenciais mais específico a psicoaromaterapia e as emoções! Já repassei alguns artigos daqui para lá e outros. Confere lá?

www.psicoaroma.blogspot.com



06 novembro, 2019

O mindfulness é a espiritualidade do capitalismo


Em entrevista à VISÃO, Ronald Purser defende que "o mindfulness retira das empresas a responsabilidade pelo stresse que causam e coloca-a nos indivíduos, como sendo algo com que estes têm de aprender a lidar"

Depois de uma troca de emails, combinámos a entrevista para quando Ronald Purser, 63 anos, voltasse de um retiro. Este docente de Gestão na Universidade de São Francisco, na Califórnia, é budista, faz meditação e é professor de Zen Dharma, ordenado, em 2013, pela Korean Zen Taego, uma ordem do budismo, religião que estuda desde 1981. Autor de oito livros (incluindo How Mindfulness Became the New Capitalist Spirituality, editado este ano) e de múltiplos artigos científicos, Ronald Purser é muito crítico do mindfulness que se pratica no mundo ocidental, especialmente no âmbito empresarial. Os seus argumentos são claros: as pessoas usam este tipo de meditação para aprender a lidar com o stresse, stresse esse que é causado pelo contexto laboral em que se inserem. Este mindfulness ao jeito de fast-food acaba por dar uma ajuda às formas mais graves de exploração dos trabalhadores, dizendo-lhes que o stresse é algo com que têm de lidar. Ponto. “O mindfulness envia a mensagem de que os indivíduos são responsáveis pela sua saúde mental, independentemente dos salários ou das condições de trabalho”, diz. Recordando que este tipo de meditação era, na sua origem, um modo de vida, “um caminho de desenvolvimento ético e moral, que levava à sabedoria e à compaixão”, Purser coloca o dedo na ferida desta sociedade obcecada por aplicações de telemóvel, nos intervalos da lufa--lufa diária. Depois de um artigo seu intitulado Beyond McMindfulness se ter tornado viral, Ronald Purser tem falado sobre o assunto em diversas entrevistas e artigos de jornais um pouco por todo o mundo. Além de o ler aqui, vale também a pena espreitar o seu podcast em mindfulcranks.com.
Os efeitos do mindfulness estão sobrevalorizados?
Sim, sem dúvida. Sobrevalorizados e vendidos de forma exagerada. O marketing vende o mindfulness como se fosse bom para toda a gente e para qualquer situação.
E é bom em qualquer situação?
Não. O problema está justamente aí. O mindfulness é vendido como se fosse uma panaceia para qualquer estado mental de ansiedade. Não é bom para toda a gente, e os estudos começam a mostrar que pode, aliás, causar ainda mais ansiedade e que a meditação mindfulness tem efeitos adversos para algumas pessoas. Mas, com isto, não quero dizer que seja completamente inútil ou desprovida de qualquer benefício.
Diz-se que um dos benefícios é que as pessoas tomam o controlo das suas emoções…
Estou mais preocupado com a forma como o mindfulness tem sido usado em determinados contextos como uma forma de controlo social. Falo, por exemplo, do ambiente empresarial, em que o mindfulness é usado como um meio de substituir o fardo, ou seja, de levar os trabalhadores a adaptarem-se e 
mesmo a assimilar determinadas condições de trabalho numa cultura empresarial que é ela própria a causa de tanto stresse. Ou seja, o ônus passa a ser dos indivíduos, e o mindfulness é usado para manter um sentimento de pertença e status quo em vez de ajudar as pessoas a, coletivamente, trabalhar para que haja mudanças estruturais nas condições de trabalho a que estão sujeitas – e assim reduzir o stresse. Assim, estes problemas laborais ficam reduzidos a uma questão individualizada, como se fosse uma questão de lifestyle com que a pessoa tem de lidar, e não uma questão social e política. Assim, focando-nos no stresse, podemos ser ensinados a ser mindful em vez de olharmos para as condições subjacentes que nos causam tanto stresse.
Como se a culpa fosse dos trabalhadores.
Certo. Retira da empresa a responsabilidade pelo stresse que está a causar e coloca-a nos indivíduos. É por isso que eu chamo ao mindfulness a “espiritualidade do capitalismo”. Se olharmos para o mindfulness promovido pelas empresas – e estas são mesmo iniciativas da gestão –, parece, na superfície, que é uma situação em que todos ganham: podemos aumentar a produtividade mantendo os trabalhadores mentalmente em forma. Mas, ideologicamente, isso funciona como um instrumento para a autodisciplina.
Porque trabalhadores felizes são mais produtivos…
Bem, isso tem sido uma ideia da gestão desde há 60, 70 anos, que vai e vem em diferentes momentos. Mas o mindfulness envia a mensagem de que os indivíduos são responsáveis pela sua saúde mental, independentemente dos salários ou das condições de trabalho.
Então diz que esta doutrina da “autorresponsabilidade” está a distrair-nos dos problemas reais…
Sim. E já há muito tempo. Houve um acadêmico (não recordo o nome) que cunhou o termo self-helpism (autoajuda), e que coloca os problemas a nível do indivíduo. Isso quer dizer que as soluções também são formuladas a esse nível. Isso molda a forma como refletimos sobre os problemas reais, colocando-os no plano do não político, privatizando a luta pelo bem-estar.
Vê-o como um instrumento de desigualdades nas empresas?
Sim, mantém as relações de poder desiguais que caracterizam as empresas e organizações capitalistas. Basicamente, reproduz estas relações de poder através da ilusão da autodisciplina.
Na opinião publicada há quem chame ao mindfulness “uma revolução”, como a Time, por exemplo. É mesmo revolucionário?
O que é que o mindfulness muda radicalmente para ser considerado revolucionário? Ao contrário, acho-o bastante conservador e harmonioso com os valores liberais.
Mas se de facto resulta, se faz as pessoas mais felizes, o que interessa que seja um “instrumento do capitalismo”, como diz?
O que quer dizer com “de facto resulta”? Em que contexto?
Se de facto reduz o stresse…
Isso é o que é apelativo no mindfulness; dizer que é uma técnica que resulta em qualquer contexto para qualquer objetivo. Ao mesmo tempo, é bastante problemático. Resulta com que propósito? O Exército norte-americano pode dizer que resulta para melhorar a performance dos seus atiradores de elite… A questão de fundo é que o movimento do mindfulness está a ser usado para dizer que é o indivíduo que tem de se adaptar às condições políticas, sociais e econômicas, que a mudança tem de ser feita dentro da própria pessoa. O que oculta a importância da ação coletiva. O mindfulness é um pobre substituto para a real mudança das organizações, agarrando nos problemas estruturais e reformulando-os como problemas psicológicos.
No entanto, parece libertador poder controlar os nossos próprios níveis de stresse.
Sim, as pessoas ficam com a ilusão de que estão realmente a fazer uma escolha usando estas técnicas. Só que os promotores do mindfulness estão ligados às empresas, às organizações, privadas e públicas. Se vendem os workshops e cursos às empresas, não vão querer tornar-se um problema para as mesmas colocando questões difíceis. Não são uma ameaça para o status quo ao dizer que o stresse pode ser gerido dentro da nossa cabeça e não interrogando as causas. 
“O stresse é privado, é um problema teu, é um fator que pode ser gerido dentro da tua cabeça” – isso é apenas uma narrativa, e muito limitada, falhando no reconhecimento do contexto da vida das pessoas. Um indivíduo não é um átomo, é também o seu contexto social e político. Por outro lado, normaliza o stresse, naturaliza-o e diz às pessoas: “Olha, o stresse é algo com que tens de lidar, então descobre por ti como lidar com ele, seja através do mindfulness, ioga, o que quer que seja.” Por isso é tão atraente para as empresas e os governos que tentam reduzir os programas e o orçamento da assistência social.
Vê o mindfulness no plano político.
Sim, tornou-se político porque individualiza todas as questões. Promove a ordem e a harmonia social dentro das empresas persuadindo as pessoas de que o stresse que sentem deve-se simplesmente à sua incapacidade de ser mindful, de controlar as suas emoções. O que pode levar um indivíduo a culpar-se por não ser capaz: “Se toda a gente parece estar a beneficiar com o mindfulness, então devo ter alguma coisa de errado.” Mas é muito popular porque é vendido com o foco no campo médico, como uma ideia de bem-estar, uma técnica terapêutica de automonitorização, autorregulação, auto-otimização. Assim é fácil de vender.
Não é consensual a cientificidade do mindfulness como técnica terapêutica?
Há uma grande diferença entre o que os média dizem e o que os artigos científicos dizem. Muitos estudos tiveram conflitos de interesses e o que se está a descobrir agora é que os resultados foram inflacionados. A verdade é que o entusiasmo pelo mindfulness está bem acima do que a comunidade científica tem dito sobre esta técnica. Vendem-no com uma aparência de cientificidade para o tornar credível. Como acontece com qualquer nova dieta que apareça no mercado. Mas não é o caso. Tem-se provado que esses estudos científicos têm inúmeros problemas metodológicos que estão a ser expostos.
Fala contra a exploração dos trabalhadores no mercado livre…
O que eu digo é que as corporações têm responsabilidade pelas condições de trabalho. Porque hão de descartar essa responsabilidade atirando-a para o campo dos problemas mentais? Além disso, ainda usam o mindfulness no campo das relações públicas. Promovendo programas para os seus trabalhadores, fá-las parecer empresas benevolentes. É como as empresas de petróleo e de químicos a aparecer em anúncios de televisão a dizer que estão muito preocupadas com o ambiente…
Estamos então a “consumir” mindfulness como quem vai almoçar ao McDonald’s?
Sim, de facto. O mindfulness é apresentado como uma cura rápida e fácil para o stresse. Como uma fast-food espiritual.
Você faz meditação…
Sim. Mas não tem nada que ver com o mindfulness que é praticado nas empresas.
E é professor de Dharma. O que é isso?
É um passo no percurso de um professor na tradição da escola budista.
É ainda possível espalhar pelo mundo o mindfulness original, na sua versão “lenta”?
Não é possível voltar atrás no tempo. Mas é importante ter consciência de que o mindfulness veio de um contexto social, cultural e político completamente diferente do que o temos agora. Apareceu há séculos na Índia e o seu propósito não era apenas tirar o stresse e fazer com que as pessoas se sentissem um pouco melhor, mas percorrer um caminho espiritual que incluía muitas outras coisas além da meditação per si. Um caminho de desenvolvimento ético e moral, que levava à sabedoria e à compaixão. O contexto original do mindfulness era baseado na libertação espiritual que pretendia reverter as causas do sofrimento dos seres humanos. Era uma tradição monástica e as pessoas dedicavam-lhe toda uma vida; e não apenas três minutos por dia através de uma aplicação qualquer. Não era sobre o “eu”; pelo contrário, era uma forma de se libertar das fronteiras do “eu”. O que vemos agora é um mindfulness como terapia centrada no “eu”, no bem-estar, algo reduzido a uma competência. É muito diferente.

Fonte: http://visao.sapo.pt/atualidade/entrevistas-visao/2019-10-27-O-mindfulness-e-a-espiritualidade-do-capitalismo?fbclid=IwAR3fZKjWdxcaefJAtMjgWWNb-46t4iXme4aNYBVqCEEJfDQYODtxfk_0gOs (Portugal)


28 outubro, 2019

A raiva - Uma virtude

Este ano, a pedido da Editora Vozes, traduzi um livro da Irmã Beneditina Joan Chittister - Entre a Escuridão e a Luz do Dia. Apaixonei! Hoje me senti obrigada a traduzir este artigo, publicado originalmente aqui.
""Falando em termos gerais", disse o Dalai Lama, "se um ser humano nunca demonstra raiva, acho que algo está errado. Há algo de errado em seu cérebro ".
Li essa afirmação e comecei a pensar novamente: o fato é que estou perturbada porque estou buscando por mais raiva do que a que estou ouvindo. O silêncio que estou ouvindo soa como uma sentença de morte.
A conversa não está fácil hoje em dia, eu sei. Está difícil conversar com alguém sobre qualquer coisa sem tocar em política. E esse é um território perigoso. Você nunca sabe que relação social poderá ser destruída. Uma amizade importante? Um relacionamento familiar próximo? A festa no quintal que acontece há anos, organizada pelo vizinho que faz churrasco? As pessoas com quem trabalha? O seu casamento?
Então ninguém fala. Todos os temas considerados importantes, interessantes e relevantes estão fora da lista. Até a política. Talvez acima de tudo, a política.
Afinal, fomos criados para sermos agradáveis. Ensinamos nossos filhos a serem agradáveis. Mas hoje, ser "agradável" é ter conversas que não levam a lugar nenhum. Nada de opiniões. Nada de novas ideias. Nada de conversas que antigamente eram cheias de brilho, educativas. A conversa, hoje em dia, simplesmente morreu, se transformou em nada. Não há muito a ser dito. A conversa "agradável" concorda com tudo, ouve, mas não busca sentido, não desenvolve ideias e não apresenta dados para abrir novos aspectos sobre o tema. Essa gentileza, esse "ser bonzinho" garante que todos nós nos tornemos hipócritas. Nós sorrimos. Não dizemos nada em contrário. Nada acrescentamos à sabedoria ou à honestidade da raça humana.
Mas "ser bonzinho" – manter o silêncio em prol da paz - não é uma virtude; ser bonzinho é, no máximo, uma fuga da realidade, a camuflagem da honestidade. E assim, não corrige nada. Não reúne as famílias, os amigos, os colegas - o país - novamente. Simplesmente aumenta a distância entre nós. Onde não há possibilidade de discutir coisas difíceis juntos, não há relacionamento a ser salvo. Quanto maior a distância, maior a pseudo-relação.
O silêncio simplesmente não está funcionando.
Parece-me, então, que precisamos de uma nova categoria de virtudes para tempos como esses. Precisamos do tipo de virtude que nos permite fazer algo a respeito do que está nos incomodando. Para resolver uma discussão, precisamos avançar nessa discussão. Então, vou sugerir algumas abordagens diferentes para estes tempos difíceis, na esperança de que, enfrentando tudo de frente, possamos de alguma forma encontrar o caminho de volta para perto dos amigos, familiares e vizinhos, com honestidade e sem rancor.
A primeira virtude que sugiro para esta era de frustração reprimida é a raiva.
Isso mesmo: a raiva.
É a raiva que inclina o eixo da terra, nos arranca da rede de dormir e nos atira no centro da realidade. Paramos de perambular pela vida.
A raiva é o que brota em algum ponto entre o antagonismo e o ódio dentro de nós. A raiva não surge para destruir. Ela surge para exigir uma resolução. Nós já sabemos que as coisas simplesmente não podem continuar como estão. A raiva demonstra essa inquietação e trabalha em direção à resolução. Ela nos mostra que alguém tem algo mais a dizer, algo que precisa ser dito, se é que queremos nos recuperar da ruptura que separa os segmentos de nossas vidas.
Melhor ainda, a raiva é o ponto em que algo mais deve ser feito se quisermos que nossos pequenos mundos particulares voltarem a se equilibrar.
A raiva, em sua forma saudável, não se destina a ser má ou cruel. Se for assim, ela é de fato inútil e fora de controle e, nesse caso, a raiva se torna o problema e não parte da solução. A raiva simplesmente diz "basta!" É exatamente quando o compromisso de encontrar uma solução finalmente surge.
Então compreendemos que a raiva sagrada diz respeito ao que nos causa raiva e à consciência da função da raiva no mundo. De fato, é o que nos deixa com raiva que mede a profundidade de nossas almas.
Quando o que nos causa raiva é ver crianças imigrantes presas, é hora de fazer alguma coisa. É hora de recusar que nosso silêncio seja interpretado como uma aprovação daquilo que não gostamos. É o momento de deixar claro que, se esse tipo de comportamento não parar, haverá consequências. É hora de levantar as mãos em público, fazer uma declaração clara para todos vejam: "Conte comigo".
A raiva é a necessidade que temos de tratar de um assunto até que ele se resolva, mas também é o momento de percebermos que a resolução não acontecerá, a menos que tenhamos a intenção de elevar a compreensão e a sensibilidade com respeito aos outros. É preciso tomar uma posição, mas procurando entender as necessidades que estão por baixo de posições totalmente diferentes. A raiva não insulta, não humilha e nem julga uma pessoa que toma posições diferentes das minhas. Ela busca o meio termo para atender às necessidades de todo o espectro humano, e não apenas às minhas.
A verdade é que a raiva se preocupa, mas a raiva também escuta. Escutar é a única maneira de duas pessoas se unirem, respeitando ideias diferentes e com abertura genuína a outro ser humano.
A raiva, em outras palavras, é um contador Geiger. Ela detecta as bombas-relógio do coração. Traz luz. Ela busca as suas ideias-raiz. Ela busca complementar os dados disponíveis. E isso aprofunda a abordagem de um determinado tema. Traz profundidade. Exige que analisemos nossas próprias posições de forma mais crítica. Acima de tudo, isso pode nos levar a uma compreensão mútua que, por sua vez, pode nos levar a encontrar outra maneira de resolvermos uma situação juntos.
A raiva sagrada não nos endurece em nossa posição; ela nos leva a fazer algo para buscar soluções. Acima de tudo, torna impossível que continuemos sendo superficiais. A raiva nos diz que há algo acontecendo nessa situação que precisa ser revelado. Algo que precisa ser curado. A raiva saudável não ferve nem queima; ela se junta ao chamado para encontrar outro caminho.
Raiva é energia. Ela nos afasta da TV para escrevermos uma carta a um senador dos EUA sobre empréstimos a estudantes ou ao conselho escolar local sobre a necessidade de cuidar melhor da cidade. Ela elimina a complacência que se instala na vida antes que seja tarde demais para nos salvarmos da “gentileza” que silenciosamente azedou. Abre nossos olhos para novas necessidades.
A raiva também nos conecta. Ela nos coloca em contato com pessoas que sabem mais do que nós sobre um determinado assunto, ou nos tira do sofá para fazermos algo para desmascarar o que se esconde sem contestação na sociedade. Ela rasga o curativo da gentileza com o que quer que esteja moldando nosso mundo, enquanto nos recusamos a fazer nossa parte para moldá-lo.
Acima de tudo, a raiva é um sinal que eu envio ao o mundo sobre a importância do que me preocupa. Clama para que o silêncio público seja quebrado.
De onde eu estou, sinto muita raiva por colocarem crianças estrangeiras em gaiolas. Incapazes de expressar seus medos, elas vivem o terror de despertar novamente, dia após dia, em um lugar estranho, sem suas famílias por perto para cuidar delas.
Também sinto muita raiva pelo o fato de o insulto pessoal ter se tornado uma característica aceitável de um sistema governamental americano que se baseia mais na injúria do que na razão. Para piorar a situação, ter como símbolo da América um presidente que humilha outros - até aliados - que pensam de maneira diferente dele, é um ataque contra a própria democracia. Pode muito bem nos isolar em um mundo que está rapidamente se tornando uma vila global.
Sinto raiva de ver o sistema presidencial americano se transformando rapidamente em uma monarquia. E estou com muita raiva de um congresso adequado, mas silencioso, sem consciência, que está permitindo que a democracia se deteriore diante de seus olhos. Eles não dizem nada, enquanto os parlamentares britânicos se levantam e cruzam os braços pelo corredor para salvar a democracia britânica.
Admito que demorou um pouco, mas finalmente fiz as pazes com raiva, graças a Edmund Burke, que em 1769 esclareceu para mim a diferença entre paciência e covardia. Burke entendeu o lugar da raiva na jornada para a justiça. Ele escreveu: "Existe um limite a partir do qual a tolerância deixa de ser uma virtude".
Com a democracia e o próprio caráter deste país em perigo, sinto-me obrigada a levantar essa questão em todos os lugares. Menina. Boazinha. Nunca. Mais.
Pelo menos não até que a América seja a América novamente."
Joan Chittister é uma freira beneditina da Pensilvania, EUA.

21 outubro, 2019

Lufe - Dicas de Vídeos YT


Eu que gosto de casa e decoração e tal... apareceu como dica no YT o canal do Life by Lufe, e comecei a ver as casas que ele visita...
E foi engraçado.... no início vi uma série de casas - a série apartamentos pequenos - alguns com tanta coisa, tanto colorido, que eu minimalista que sou, ficava exausta.... até ver um vídeo de uma casa argentina - que me encantou. Apesar de ali ter muiiita coisa e muito colorido, tudo sei lá combina, tem Vida! E esse click que me deu, dessa coisa de apreciar as coisas não perfeitas... foi uma novidade gostosa de ver. Perceber como já somos culturalmente preparados para ver que aquele rasgadinho precisa ser trocado pelo novo, que aquela lasquinha precisa ser consertada. Modelos que nos geram a ânsia do consumo! Puro marketing que foi incutido via filmes e novelas e mídia. E a gente vai indo e comprando, e se sentindo insatisfeitos, e nem repensa.

Influenciam o que vestimos, como nosso corpo deve ser e mais... e também como nossa casa e moradia deve "aparentar"! Socorrroooo.... rs

Bom... enfim... continuo minimalista, mas meu olhar sobre as lasquinhas e imperfeições cotidianas ganhou mais um tantinho de novas e deliciosas leituras!

Vou deixar abaixo vídeos que curti do Lufe, do que já andei vendo. Embora todos sejam interessantes, conhecendo outros jeitos de viver e de morar:

A casa da argentina que comentei: https://www.youtube.com/watch?v=1nbj02Kb1CA

Lúdica: https://www.youtube.com/watch?v=4AshR8Dt3nI

Érika Karpuk: https://www.youtube.com/watch?v=YjiEEjRgjXg

Pai e a casa: https://www.youtube.com/watch?v=8y0HeSSjAQE

Airnb Minimalista: https://www.youtube.com/watch?v=F8v1KwLlctc&t=226s

Casa na Índia: https://www.youtube.com/watch?v=TDK7SItDwf0

Arquitetura Marroquina: https://www.youtube.com/watch?v=4DUQcq_9No0 (vale ver tb toda série Marrocos!)

Casa Sustentável: https://www.youtube.com/watch?v=O2F5yL9mOhk




Espiral de Mudanças 

O Universo Conspira!

Agora aqui esse é O tema!

O Lufe de vez em quando comenta sobre essa série que ele fez. E fui lá ver.... são 30 episódios de uns 15/20 min. que você fica vendo como série, quer logo saber de tudo. E o Lufe empolgado que só (!) vai contando com os olhinhos azuis brilhando... 

Adorei, me emocionei, relembrei espirais por onde também passei, muito semelhante ao que ele conta. Mágico quando estamos assim... fluindo com o Universo!

E sobretudo lembrei do cultivo, de não se perder no caminho! É muito fácil a gente se perder. nas ilusões das aparências... e esse propósito durante a saga nessa "espiral" é INCRÍVEL!

Quer se inspirar? Assista!





*



09 outubro, 2019

Anosmia


A proposta é separar 4 óleos essenciais – limão, rosa, cravo-da-índia e eucalipto-glóbulos – e inalar gotas depositadas dentro de um potinho de vidro por 20 segundos, 2 vezes ao dia, por no mínimo 4 meses. Existe um diário onde o paciente deve avaliar a experiência em 4 quesitos: potência do cheiro, reconhecimento do cheiro, descritores do cheiro e sensações despertadas pelo cheiro.



23 setembro, 2019

Primavera e Jardins inspiradores!

Êba, ela chegou! Feliz Primavera!

Bora Flores Ser divando em Afrodite?

E para você se inspirar ainda mais nesta estação, minha dica são dois documentários da Netflix:  

O inglês Monty Don visitando os jardins italianos e franceses. Já digo que, apesar dos dois serem igualmente lindos, sou mais chegadinha nos lindos cenários italianos... Cada imagem da série é um verdadeiro quadro, uma obra prima da natureza. Vale muiiiiitttoooo assistir e se maravilhar com jardins aos quais muitos nem se tem acesso público. Então embarque nesta viagem com o Monty Don. E como já faz um tempo que estão na Netflix... é melhor assistir logo, antes que saia do catálogo!








*

31 julho, 2019

Ócio criativo e novos trabalhos


Duas entrevistas que valem muito assistir, deixando link abaixo, mas preferível ver via GloboPlay (free).

A entrevista do sociólogo Domenico de Masi sobre seu livro O Ócio Criativo no programa do Bial de 29/07/19, aqui.

E hoje 31/07/19, no Mais Você, o consultor e escritor Gustavo Cerbassi, falando sobre o minimalismo nas finanças, aqui.

Tá difícil ainda nos desgarrarmos do velho modelo. Talvez ainda vá mais uma geração para acontecer. O velho está aí, no poder, porque tantos ainda resistem! Mas tudo em nós aponta para o novo, como algo inexorável, como uma força maior. 

Porque a vida é feita nos intervalos da utilidade. Num abraço, num olhar, em uma contemplação. A vida não é sobre ter, é sobre Ser! 





*

26 julho, 2019

A raiz dos problemas mundiais


"O problema não é somente o aquecimento global, e sim a crença psicológica profunda que todo ser humano tem na sociedade moderna, que se baseia no valor de tudo aquilo que gera dinheiro. De que qualquer coisa que você faça, tem valor se produzir dinheiro. Então se uma guerra for boa para a economia, então se começa uma guerra, se for necessário matar pessoas, mata-se pessoas, se tiver que destruir a natureza, então se destrói a natureza. Este é o erro fundamental mais profundo sobre a noção de valor. Eu sinto que é um problema muito maior. E é claro, o aquecimento global é um dos problemas decorrentes desse erro, e toda a poluição do meio ambiente produzida pela sociedade industrial são resultado disso. Quando vim pela primeira vez aos Estados Unidos fiquei culturalmente chocado ao ver que em uma semana 30 pessoas meditando juntas produziam mais lixo que algumas centenas de monges não juntariam em um mês na Índia. É muito desperdício, é incrível.
Este é um momento para ação, mas não para ações ignorantes, confusas, com dúvidas, com ganância, que é o que está acontecendo constantemente. É isso que destrói a sociedade, que destrói a natureza. Assim, quando falamos sobre ações deveriam haver mais ações iluminadas, o que significa que é necessário que as pessoas saibam melhor quem elas são. Ter essa conexão com elas mesmas, com quem elas realmente são e a compreensão deste estado interno profundo, do silêncio interno e quem realmente são. Se houvesse mais essa conexão, muitas respostas seriam dadas para aquilo que buscam em suas vidas. E não precisariam mais substituir isso por petróleo, dinheiro, guerras, coisas. Serão através das experiências do despertar que elas encontrarão respostas dentro de si.
Claro que não acreditamos que é suficiente ficar em paz e não fazer nada. Acreditamos em ações pacíficas, guerreiros pacíficos, acreditamos na criatividade. Definitivamente, tudo isso é resultado desta quietude. Ações resultam desta quietude, palavras, resultam do silêncio absoluto, a criatividade resulta da abertura do espaço ilimitado da mente."

—Tenzin Wangyal Rinpoche, mestre da tradição Bön, em entrevista para Novas Imagens.
Foto: Rogelio Flores

09 julho, 2019

Solidão? Novas logísticas


Estava numa fase de observar a solidão e de encontrar várias pessoas com essa queixa.

E não falo da solidão que pode ser sentida mesmo estando com muitas pessoas, sentindo-se desconectado da vida, nem da boa solitude, mas dessa logística do viver do mundo atual que implica muitas vezes em estar fisicamente isolado. Ou seja, separações, filhos que crescem e deixam o ninho vazio, idosos onde quem morava junto falece, ou mesmo quem mora junto e se sente isolado da sua comunidade, dos vizinhos, etc.

E vi algo sobre coliving, cohousing, casa compartilhada... uma tendência expandindo em outros países nesta era do compartilhamento, mas muito tímida por aqui no Brasil ainda, e comecei a pesquisar e reuni aqui algumas informações!

Esse modo de viver significa apoio mútuo, convivência e privacidade. Além de economia, segurança, conforto e modos sustentáveis.

Já meio que vivemos assim, visto que boa parte de quem tem mais de 40 vai lembrar de morar em vilas e brincar na rua, na praça, de morar com toda família que era bem grande, com vô e vó, até mesmo com inquilinos. 
E talvez pelo mercado de consumo, talvez pelo ter, por uma individualidade, pelas migrações ou por um formato que ainda não fosse o ideal. Enfim, não sei onde e como isso mudou para o modo de vida que vemos hoje, sobretudo nos grandes centros e em classes sociais de média para cima.

O fato é que se pensarmos bem, não estamos aqui na vida para TER, para adquirir coisas, mas sim para experienciar, para nos relacionarmos com a vida, o que inclui os seres humanos, onde mais trocamos, expandindo outros olhares.  O trabalho fora de casa também propicia isso, mas também aniquila a vivência com a família visto a quantidade de horas fora de casa, incluindo-se o tempo de transporte. Ainda é preciso achar gestões mais humanas!

Casa grande: paradoxo é que muita gente que tem condições financeiras só quer uma casa grande para ter lugar para hospedar pessoas, fazer festa, convidar para o "churras". Afinal qual outro sentido - que não o status que cai por terra - de se morar em uma mansão? 

Uma coisa que afasta a ideia de viver em comunidade pode ser a "intromissão" do outro na nossa vida, ou de nós mesmos não tolerarmos a diferença com o outro, o quanto o limpo do outro é diferente do "meu", da "minha" cultura. Ou seja, muitos "meus" e "minhas" pelo caminho...  Mas vamos combinar que o autocentramento nunca foi sinônimo de felicidade.

Desafios da convivência necessitam de diálogo, de acordos, de comunicação não violenta, e olhar para os aspectos emocionais que mais nos pegam como ciúme, raiva, apego.
Para não entrar em contato com nada disso, talvez nos calamos, nos isolamos, nos mudamos para ter nossa pseudo "liberdade", e a intolerância que tanto reclamos no mundo e na rede social deve ter começado mesmo em nossos próprios lares.

Fato é que todos perdemos muito com isso, de bebês a idosos, e passando por cães e gatos, estamos nos isolando fisicamente. 

Viver em coliving, cohousing... ou seja, em casas e vilas compartilhadas é uma valiosa logística a se incluir no morar e no viver!


Para se inspirar:

-O doc Happy - por enquanto ainda disponível na Netflix traz muitos exemplos de felicidade compartilhada, e modos de cohousing na Dinamarca -  onde o movimento teve início.

-O filme E se vivêssemos todos juntos: https://www.youtube.com/watch?v=qoKg6f05fQA, trata da falta de apoio próximo na velhice, dois casais e um amigo que decidem morar numa só casa.

-Aqui no Brasil achei incrível o conceito da OKA: https://www.okacoliving.com.br/ - que é de Porto Alegre, mas já tem projeto de se estender por outras capitais.
Ricardo Neves da Oka:


-O site https://www.morar.com.vc/ - faz o trabalho de unir pessoas que desejam dividir o mesmo lar - por enquanto em SP e algumas cidades.

-O Co Lares: https://www.facebook.com/CohousingBrasil/ - como iniciativa de cohousing no Brasil pela arquiteta Lívia A. Lubochinski.

-Em São Paulo algumas imobiliárias já estão de olho nesta tendência e locando imóveis, caso da www.novasaopaulo.com.br. A kasa http://kasa.com.br/, também é uma nova referência em coliving.

-No YT digite coliving ou cohousing + TED, dois exemplos abaixo:






- Colivings como formas de hospedagem:




- O Norn é uma experiência em coliving, em convivência, em conversação bem interessante, bemmm chique e com lista de espera:



Outros:





*

26 junho, 2019

Temporada


Eu não sei quem é como eu que gosta desse tipo de filme... mas que tem, tem! rs

Adoro. Filme de cotidiano, filme com pausa, com respiro, filme que nem a vida da gente é!

Adorei Temporada e tô passando aqui para recomendar, se você gostar do estilo!
Tá na Netflix.








*

12 fevereiro, 2019

Por um mundo mais natural!

PELOS DIREITOS DOS MENINOS
Que nenhum menino seja coagido pelo pai a ter a primeira relação sexual da vida dele com uma prostituta (isso ainda acontece muito nos interiores do Brasil!).
Que nenhum menino seja exposto à pornografia precocemente para estimular sua 'macheza' quando o que ele quer ver é só desenho animado infantil (isso acontece em todo lugar!).

Que ele possa aprender a dançar livremente, sem que lhe digam que isso é coisa de menina.
Que ele possa chorar quando se sentir emocionado, e que não lhe digam que isso é coisa de menina.
Que não lhe ensinem a ser cavalheiro, mas educado e solidário com meninas e com os outros meninos também.
Que ele aprenda a não se sentir inferior quando uma menina for melhor que ele em alguma habilidade específica – já que ele entende que homens e mulheres são igualmente capazes intelectualmente e não é vergonha nenhuma perder para uma menina em alguma coisa.
Que ele aprenda a cozinhar, lavar prato, limpar o chão para quando tiver sua casa poder dividir as tarefas com sua mulher – e também ensinar isso aos seus filhos e filhas.
Na adolescência, que não lhe estimulem a ser agressivo na paquera, a puxar as meninas pelo braço ou cabelos nas boates, ou a falar obscenidades no ouvido de uma garota só porque ela está de minissaia.
Que ele não tenha que transar com qualquer mulher que queira transar com ele, que se sinta livre para negar quando não estiver a fim – sem pressão dos amigos.
Que ele possa sonhar com casar e ser pai sem ser criticado por isso. E, quando adulto, que possa decidir com sua mulher quem é que vai ficar mais tempo em casa – sem a prerrogativa de que ele é obrigado a prover o sustento e ela é que tem que cuidar da cria.
Que, ao longo do seu crescimento, se perceber que ama meninos e não meninas, que ele sinta confiança na mãe – e também no pai! – para falar com eles sobre isso e ser compreendido.
Que todo menino seja educado para ser um cara legal, um ser humano livre e com profundo respeito pelos outros. E não um machão insensível! Acredito que se todos os meninos forem criados assim eles se tornarão homens mais felizes. E as mulheres também serão mais felizes ao lado de homens assim. E o mundo inteiro será mais feliz.
O machismo não faz mal só às mulheres, mas aos homens também, à humanidade toda.
Meu ativismo político é a favor da alegria. Só isso.
(Sílvia Amélia de Araujo)
Tela: Keith Mallett

05 fevereiro, 2019

Oração pelo Amor

ORAÇÃO PELO AMOR

"Iremos partilhar um belo sonho juntos – um sonho que você vai adorar o tempo todo. Nesse sonho, você está num belo dia quente e ensolarado. Escuta os pássaros, o vento e um riacho. Você caminha na direção do rio. Na margem do rio existe um homem meditando, e você percebe que da cabeça dele sai uma bela luz, de cores diferentes. Você tenta não perturbá-lo, mas ele percebe sua presença e abre os olhos. Ele possui aquele tipo de olhos cheios de amor e abre um grande sorriso. você pergunta como ele é capaz de irradiar aquela bela luz colorida. Pergunta se ele pode ensiná-lo a fazer o que está fazendo. Ele responde que há muitos e muitos anos, fez a mesma pergunta a seu mestre.
O velho começa a contar sua história: Meu professor abriu seu próprio peito, retirou seu coração e apanhou uma bela chama do coração. Então ele abriu meu peito, meu coração e colocou aquela pequena chama no interior. Colocou de volta meu coração em meu peito, e assim que isso aconteceu, senti um amor intenso, pois a chama que ele colocara em meu coração era o seu próprio amor.
Aquela chama cresceu em meu coração e tornou-se um grande fogo – um fogo que não queima, mas purifica tudo o que toca. E esse fogo tocou cada uma das células do meu corpo, e as células do meu corpo devolveram meu amor. Tomei-me uno com meu corpo, mas o meu amor cresceu ainda mais. Aquele fogo tocou cada emoção em minha mente e todas as emoções se transformaram num amor forte e intenso. E amei a mim mesmo, completa e incondicionalmente.
Mas o fogo continuou queimando e tive a necessidade de partilhar meu amor. Decidi colocar um pedaço desse amor em cada árvore, e as árvores devolveram meu amor e me tomei uno com as árvores. Mas o meu amor não parou, cresceu mais. Coloquei um pouco de amor em cada flor, e elas me devolveram, e nos tomamos uno. E o meu amor cresceu ainda mais,
para amar a todos os animais do mundo. Eles responderam ao meu amor, e me amaram de volta e nos tomamos uno. Mas o meu amor continuou crescendo cada vez mais.
Coloquei um pedaço do meu amor em cada cristal em cada pedra no chão, na terra, nos metais, e eles me amaram de volta e me tomei uno com a terra. Então resolvi colocar meu amor na água, nos oceanos, nos rios, na chuva e na neve. E eles me amaram em retorno e nos tomamos uno. Ainda assim, meu amor cresceu mais e mais. Resolvi dar meu amor ao ar, ao vento. Senti uma forte comunhão com a terra, com o vento, com os oceanos, com a natureza, e meu amor cresceu e cresceu.
Voltei minha cabeça para o céu, para o sol para as estrelas, e coloquei um pouco do meu amor em cada astro, na lua, no sol e eles me amaram de volta. Tomei-me uno com a lua, com o sol e com as estrelas, e meu amor continuou crescendo e crescendo. Coloquei um pouco do meu amor em cada ser humano, e me tornei uno com toda a humanidade. Aonde quer que eu vá, quem quer que encontre, vejo a mim mesmo nos olhos deles, porque sou uma parte de tudo, por causa do amor.”

Então O velho abre o próprio peito, retira o coração com uma bela chama no interior e coloca a chama em seu coração. Agora o amor está crescendo em seu interior. Agora você é uno com o vento, com a água, com as estrelas, com toda a natureza, com todos os animais e com todos os seres humanos. Você sente o calor e a luz emanando da chama em seu coração. De sua cabeça parte uma luz de cores diferentes. Você fica radiante com o brilho do amor e ora:

"Obrigado, Criador do Universo, pelo presente da vida que me deu. Obrigado por me dar tudo o que eu realmente preciso. Obrigado pela oportunidade de experimentar este belo corpo e esta mente maravilhosa. Obrigado por viver em meu interior com todo o Seu amor, com todo o Seu espírito puro e livre, com o Seu calor e luz radiante.
Obrigado por usar minhas palavras, por usar meus olhos, por usar meu coração para partilhar Seu amor aonde quer que eu vá. Amo Você da forma que é, e porque sou Sua criação, amo a mim mesmo da forma como sou. Ajude-me a manter o amor e a paz em meu coração e a tornar esse amor uma nova forma de vida, que poderei viver em amor pelo resto da minha existência. Amém.”

Don Miguel Ruiz



07 janeiro, 2019

O amor que cura - Permanecer no amor

Quero dizer algo sobre o amor, porém algo diferente do que vocês, talvez, esperem escutar. Às vezes ouvimos a frase: Permaneçam no amor! O que significa isso de permanecer no amor?

Conhecemos o amor que une.
 
Através de um amor especial nos encontramos unidos a nossos pais, a nossos parceiros, a nossos filhos.

Assim como nos encontramos unidos a eles, ao mesmo tempo, nos encontramos separados de outros.

Permanecer no amor significa que tudo é amado tal como é, que tudo é acolhido pela alma tal como é.

A luta também forma parte da vida.

A vida do indivíduo disputa seu lugar com a vida dos outros.

Quando permanecemos no amor, também amamos aos contrários, como a luta, a vitória e a queda. Amamos a vida e a morte, os vivos e os mortos. Amamos o passado tal como foi e o futuro tal como chega. Exatamente do jeito como ele chega.

Nesse amor somos amplos, em sintonia e em conformidade.

Esse amor é entrega ao Todo. E realmente a religião.

Nesse amor estamos completos e serenos.

Podemos contemplar como ele se desenvolve.

Encontramo-nos consagrados ao nosso próprio destino e respeitamos o destino dos outros e o destino do mundo.

Estar assim entregues ao Todo significa permanecer no amor.

Isso tem consequências para nossa vida cotidiana.

Aquele que assim pode permanecer no amor pode contemplar tudo tal como é: a felicidade e a desgraça, a vida e a morte, as implicações e a dor.

Como ama o Todo e se encontra entregue a ele, é também ativo no rio da vida, sem se envaidecer, sempre em sintonia e conformidade. Quem ajuda dessa maneira encontra-se livre e sem preocupações.

No Todo ninguém é melhor ou pior.

No Todo simplesmente estamos aí presentes.

Bert Hellinger