Assisti a Dias Perfeitos — o filme bem comentado de Wim Wenders.
Enquanto assistia me vinha outro filme à mente: Temporada (de André Novais Oliveira), acredito que lembrei pelo ritmo e esse tom de cotidiano. E também pelo enredo que tem o trabalho como centro.
O Dias Perfeitos é um filme sobre uma rotina simples e de um trabalho (limpar banheiros públicos) que parece uma artesania de tão bem executado pelo personagem. Duas horas de filme com gestos simples, sutis e significativos, cheios de apreciação que geram o contentamento de um personagem e sua solitude.
Já o Temporada tem um ritmo um pouquinho mais envolvente, este segue mais na apreciação das relações, do novo cotidiano de trabalho e das amizades que vão se formando para a nova moradora da cidade — a Juliana, e fazem com que sua vida vá modificando aos poucos, como uma tela, onde vamos adicionando cores lentamente… e vai se desenhando. Gente simples, comum e familiar… Gosto muito do nacional Temporada, que ficou bastante tempo no catálogo da Netflix e agora vi que não está mais, pena!
O Dias Perfeitos é um encanto, porém, tudo é ordenado, o sujo e o feio não são mostrados. Basta que a gente pense em banheiro público no Brasil e o que vemos no filme ambientado em Tóquio é muito diferente… aliás o filme a princípio seria um documentário da arquitetura dos banheiros da cidade. Outra coisa “feia” não vista é a solidão do personagem, ali só há a beleza da solitude. Já Temporada é mais realista, tanto no enredo quanto aos corpos dos personagens aos problemas periféricos.
Outro destaque para ambos são os atores, a atuação excelente de Grace Passô do Temporada, quanto a de Koji Yakusho do Dias Perfeitos!
Dois filmes premiados, dois filmes sobre o ordinário que mescla ao extraordinário mais íntimo e que nos toca…
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