Este conto aparece em alguns livros do psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, e compartilho do que este sábio mercador diz ao monge que buscava aprender.
Às vezes, como buscadores menosprezamos o que é e o que há, seja através da "suposta verdade", do "suposto bem", da "suposta perfeição", da "suposta normalidade", do "suposto futuro melhor" e até das "supostas perdas"... deuses distantes estes nossos "supostos" e estreitos conceitos, colocando-nos suspensos no irreal e sem perceber, menos ainda Receber.
Às vezes, como buscadores menosprezamos o que é e o que há, seja através da "suposta verdade", do "suposto bem", da "suposta perfeição", da "suposta normalidade", do "suposto futuro melhor" e até das "supostas perdas"... deuses distantes estes nossos "supostos" e estreitos conceitos, colocando-nos suspensos no irreal e sem perceber, menos ainda Receber.
Terra. Seus cheiros. Humildade... descer ao húmus...
Ser e Não Ser (ausência-presença)
Um monge que andava buscando
pediu a um mercador
uma esmola.
O mercador se deteve por um momento
e, ao dar-lhe o que pedia,
perguntou ao monge:
“Como é possível que você me peça
o que lhe falta para viver
e, no entanto, precise menosprezar
a mim e ao meu modo de vida,
que lhe proporcionamos isso?”
O monge lhe respondeu:
“Em comparação com o Último
que busco
tudo o mais me parece pequeno”.
Mas o mercador perguntou ainda:
“Se existe um Último
como pode haver algo
que alguém possa buscar ou encontrar
como se estivesse no fim de um caminho?
Como poderia alguém sair ao seu encontro
e apossar-se dele,
como se fosse uma coisa entre outras muitas,
mais do que muitos outros?
E inversamente, como poderia alguém
afastar-se desse Último,
ser menos conduzido por ele
ou estar menos a seu serviço
do que as outras pessoas?”
O monge retrucou:
“Encontra o Último
quem renuncia ao próximo e ao presente”.
Mas o mercador ainda ponderou:
“Se existe o Último
ele está perto de cada um,
mesmo que esteja oculto
no que nos aparece e no que permanece,
assim como em cada ser se oculta um não-ser
e, em cada agora, um antes e um depois.
Comparado ao ser,
que experimentamos como fugaz e limitado,
o não-ser nos parece infinito,
como o de onde e o para onde,
comparados ao agora.
Porém o não-ser se revela a nós
no ser,
assim como o de onde e o para onde
se revelam no agora.
O não-ser, como a noite
e como a morte,
é um começo desconhecido
e só por um breve instante,
como um raio,
nos abre o seu olho
no ser.
Assim também, o Último
só se aproxima de nós
no que está perto e brilha
agora.”
Então o monge perguntou, por sua vez:
“Se fosse verdade o que você diz,
o que nos restaria ainda,
a mim e a você?”
O mercador respondeu:
“Ainda nos restaria, por algum tempo,
a Terra”.
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