Palavras são Janelas
Sinto-me tão condenada por suas palavras
Tão julgada e dispensada.
Antes de ir, preciso saber:
Foi isso que você quis dizer?
Antes que eu me levante em minha defesa,
Antes que eu fale com mágoa ou medo,
Antes que eu erga aquela muralha de palavras,
Responda: eu realmente ouvi isso?
Palavras são janelas ou são paredes.
Elas nos condenam ou nos libertam.
Quando eu falar e quando eu ouvir;
Que a luz do amor brilhe através de mim.
Há coisas que preciso dizer,
Coisas que significam muito para mim.
Se minhas palavras não forem claras,
Você me ajudará a me libertar?
Se pareci menosprezar você,
Se você sentiu que não me importei,
Tente escutar por entre as minhas palavras
Os sentimentos que compartilhamos.
Ruth Bebermeyer
Uma amiga me emprestou o livro Comunicação Não-Violenta - Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais de Marshall B. Rosenberg - editora Agora. Curioso que foi justamente num dia onde eu respondi de forma amável a uma interrogação 'violenta', então deve ter vindo como presente-confirmação aos meus bons modos deste dia!
O tema parece bem conhecido, há aulas e grupos de estudo e treinamento sobre a CNV. Eu não o conhecia até então. Antes de escrever aqui, vi que há também vídeos no YouTube.
O livro é bom, mas é excelente a ideia que apresenta! Tanto tempo, tantas línguas que se falam, tantas palavras para definir uma mesma coisa, mas ainda não sabemos nos comunicar, não sabemos ler entre as entrelinhas, não escutamos por entre as palavras...
O autor define que uma má comunicação tem como resultado a violência.
Segundo Marshall há 4 componentes básicos para uma boa comunicação: observação/sentimento/necessidades/pedido.
-Observar o que de fato está acontecendo numa situação com isenção de julgamento (culpa, insulto, depreciação, rotulação, crítica, comparação e diagnósticos).
-Identificar como nos sentimos ao observar aquela ação.
-Reconhecer quais de nossas necessidades estão ligadas aos sentimentos que estão ali.
-Com estes 3 itens claros, formular o pedido, pontuando com clareza ao outro/especificando o pedido.
Se tivéssemos sido criados falando uma linguagem que facilitasse exprimir compaixão, teríamos aprendido a articular diretamente nossas necessidades e nossos valores, em vez de insinuarmos que algo é ou está errado quando eles não são atendidos. Por exemplo, em vez de a violência é ruim, poderíamos dizer "tenho medo do uso da violência para resolver conflitos; valorizo a resolução de conflito por outros meios".
E trata do poder da empatia que é estar presente, sem oferecer conselhos, mas ouvindo as necessidades do outro. E eu diria que isso é fun-da-men-tal!
Podemos apreciar problemas de comunicação todo santo dia. Há brigas, discórdias, e a coisa vai se tecendo sem olhar o que de fato a outra pessoa está sentindo (o que talvez nem ela mesma saiba com clareza, mas que com o olhar ao outro é possível sim saber, ou pelo menos sentar e conversar a respeito para descobrir!).
É preciso educar o olhar, educar o ouvido, enfim todos os sentidos! E a CNV é uma destas propostas.
Gostei especialmente de uma parte onde o autor estava palestrando sobre a CNV na Cisjordânia aos muçulmanos palestinos, onde americanos não eram bem vistos pelo fato dos EUA estarem fornecendo armas a Israel. Iniciou um tumulto e um homem começou a gritar "assassino" repetidamente. Marshall, então se aproximou para dialogar com o palestino, fazendo-o com que ele expressasse toda sua dor por quase vinte minutos, conta. E finaliza assim:
"...eu procurando escutar o sentimento e a necessidade por trás de cada frase. Não concordei nem discordei. Recebi as palavras dele não como ataques, mas como presentes de outro ser humano que estava disposto a compartilhar comigo sua alma e suas profundas vulnerabilidades.
Uma vez que se sentiu compreendido, o homem foi capaz de me ouvir explicar o motivo de eu estar naquele campo. Uma hora depois, o mesmo homem que havia me chamado de assassino estava me convidando para ir a sua casa para um jantar de ramadã"
Bem, o livro tem mais conteúdo e exercícios para colocar em prática a CNV!
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