Fomos precisamente ensinados a considerar a natureza como suprema...
Quem presumirá imitar as cores da tulipa, ou aperfeiçoar as proporções do lírio dos vales ?
Edgar Allan Poe (1809-1849)
Ontem à tarde estava saboreando essa frase. E à noite complementou-se com um tema no Café Filosófico abordando os pensamentos de Nietzsche e Spinoza.
É, Poe não imaginaria que passaríamos um bom período da história sem essa consideração toda e com muita presunção...
Talvez tenha acontecido pela distância do homem dos campos, pelos prédios e muros altos, pelos substitutos sintéticos, a correria...
"Natural" que acontecesse... (de certa forma, gosto da história do aquecimento global... por retomar os valores da ecologia com novas e inspiradas maneiras que tenho visto !)
Mas se nos passa despercebida a consideração da natureza lá fora como suprema, tampouco a consideraremos em nós... - uma única natureza. Se a tememos, temeremos a nossa própria.
E quando assim o é, cremos no que não é natural... aparece o "sobrenatural", ou melhor, o pensamento que o constrói. Assim como da falta de coesão entre causa e efeito, ideias utópicas, superstições, alucinação, dependência química, aceleração mental e a imaginação esquisita de que algo vai surgir ou acabar do nada.
E ainda tem a onipotência - tanto da construção como da destruição - do homem sobre a natureza sem nem se quer desconfiar-se que não a afetamos com tanto poder assim..., somos sim a própria, e por isso quando a destruímos nos destruímos, mas a hierarquia do comando é suprema ! Porém, nem reconhecemos o mínimo, de que basta ignorar a nossa própria natureza sensorial pra gente "minguar", e assim continuamos na ilusão do faz de conta que não existe, ou de uma importância inferior.
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Os frutos, os vegetais, os aromas, as águas límpidas, encostar na árvore, pés descalços na grama, na terra, na areia, celebrar a existência, a beleza e suas manifestações... ser condizente à razão perante os sentimentos, reconsiderar os padrões morais e sociais que priorizarem compromissos ao invés de afetos/da verdade, honrar a natureza da qual és e de tudo a que nos cerca... respeitar, preservar, proteger... são formas de integrar, relaxar, realizar-se, comungando com a Natureza e estando sob o manto azul de sua proteção.