25 agosto, 2022

Quem aprendeu a dialogar?


Milene S.

Muitos de nós, e principalmente das gerações anteriores viveram em regimes autoritários. Basta conversar com um pai, um avô, uma avó, tia, etc, para saber que bastava um olhar de um mais velho para entender. Que muitas coisas eram feitas escondidas e que não se conversavam sobre assuntos importantes, tidos como "tabus".

Essa autoridade toda tem inúmeras sequelas. Não aprendemos a dialogar, escutar e falar.
Onde a autoridade reina, não há espaço para expressão, conversa, diálogo.
E pior, se toma aquele que pensa diferente como inimigo!
E claro, que vemos o ápice disso nas escolhas importantes de uma nação! E alías, pra quem é de décadas passadas vai lembrar que assuntos como política, religião e briga de casais não podiam ser falados, o que dirá discutidos!

O modelo da autoridade é inconscientemente buscado, como modelo de permanência colonialista, "hetero-patriarcal". Como um modelo que supostamente "protegeria".

Hoje vemos centenas de pessoas ditando regras na internet, faça isso, não faça aquilo... faça assim e assado. E milhares de seguidores... Isso também reflete a almejada autoridade, alguém para dizer o que fazer + alguém para obedecer. Nada contra quem tem o conhecimento e o bem comunica/compartilha, mas há uma idolatria em pessoas bem longe de serem endeusadas! Aliás qualquer endeusamento já é um alerta para quem está precisando acordar desse pesadelo colonial.

Não só buscamos autoridade, como também desejamos ocupar esse lugar de "destaque". Há muitos exemplos, mas vou citar a mais clássica: a falta de tempo, a ocupação exagerada - que se tornou status. Afinal, pessoas tidas como autoridades sociais não desperdiçam tempo. Logo, o seu tempo e portanto elas próprias seriam especiais!

A autoridade se reflete em tudo, sentimento de inferioridade é o caso típico de quem agora precisa se mostrar superior e ordenar a quem está abaixo por ter aprendido assim.

Aparece também no isolamento, pois aquele que não pode se expressar acaba se retirando. Muito diferente de quando há trocas, onde sentimentos de afeto podem então serem cultivados.

E nas relações entre casais, filhos, etc, a autoridade também se mostra quando nos trancamos em posições fechadas, limitadas, autocentradas, com pouco ou nenhum espaço de diálogo.
E sofremos pensando o que o outro pensa ou pensará sobre nós, afinal imaginamos que o outro assim como nosso também modelo colonialista interno, também "conclui".
Aquilo que ouvimos das figuras de autoridade era uma sentença, sem abertura, sem tempo ou jeito para nos ver... isso pode dar tanto medo quanto ser buscado e sem dúvida, é replicado sem consciência, de inúmeras outras formas.

Não há espaço específico para exercer o diálogo - a comunicação com troca. A nossa família, parceiro, amizades, trabalho, etc, são esses espaços. Mas, infelizmente há muita resistência, mal-entendidos e até brigas. Então, é um trabalho educacional, de buscar referências, de tomar muita consciência sobre os padrões, de liberação do nosso medo ainda infantil das sentenças que nos fecharam, de voltar à curiosidade pelo outro, de conceder tempo, escuta atenta, olhar e compreensão.


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12 agosto, 2022

Somos a nossa comunidade - Nilton Bonder


Palestra excelente do rabino Nilton Bonder - Somos a nossa comunidade no Café Filosófico - CPFL.

Nilton começa discorrendo sobre a grande descendência de Abraão (consciência), não apenas consanguínea como geralmente é interpretada.

Discorre amplamente sobre a bondade para além do eu, de como fazemos da bondade autocentramento, base de trocas, mercantil.

Entre outros tópicos... 

Vale muito ver!




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