05 agosto, 2015

Igualdade Possível

Este link do post da Ligia Fascioni - Vida de Rico (leia aqui: http://www.ligiafascioni.com.br/2012/09/vida-de-rico/)  -  merece destaque, não pela comparação entre a Alemanha e Brasil (até porque aqui há muitas coisas que lá não tem, assim como em qualquer lugar, qualquer coisa, enfim). Mas porque fala de uma coisa que ando pensando há algum tempo... o quanto somos ainda reféns do escravagismo. Sim, desse inconsciente que classifica quem serve e quem é servido - de quando se é senhor (ou sinhazinha...), e quando se é escravo (a). 



O fato é que se queremos um lugar mais bonito, organizado, menos corrupto, arborizado, saudável, feliz, e principalmente em harmonia com a natureza, precisamos nos tornar conscientes dessa 
separação entre inferior-superior, que é feita entre pessoas, trabalhos, classes, idades, estética, raças, ideologias, sexos, enfim...


Há uns meses vi uma reportagem sobre as escolas no Japão, as crianças muito pequenininhas já limpam o chão, recolhem o lixo, colaboram. Que maaáximooo! 
Até achei este texto aqui a respeito:

"No Japão, uma das tradições nas escolas e também nos dojos de artes marciais é que é chamado deSoji, que significa “limpar”. Nas escolas japonesas, o “soji no jikan” é a hora da limpeza, ou seja, a hora em que as crianças pegam o kit de limpeza e limpa, lavam a escola. Em geral, são 15 minutos por dia nas escolas, e cada criança possui um grupo de limpeza, com um líder.
Após os 15 minutos, um sinal toca novamente e os membros do grupo se alinham em fila, para que o líder faça perguntas e peça feedbacks sobre a limpeza do dia. O feedback é sempre sobre o trabalho em equipe, sobre o resultado, e o líder busca sempre motivar após o feedback.
A prática do Soji nos dojos brasileiros não é comum, pois temos outra cultura. No Brasil, acreditamos que quem faz a limpeza é uma pessoa inferior, pois é um trabalho inferior e não louvável. Algumas pessoas chegam ao cúmulo de pensar que devemos deixar os lugares sujos para que essas pessoas mais pobres tenham trabalho para fazer e possam manter o emprego. Mas essa crença é falsa, essa cultura brasileira é equivocada.
Crianças japonesas limpando a escola
Crianças japonesas limpando a escola
Por isso, no japão se pratica o Soji nas escolas e também nos dojos, sempre ao final das aulas. É considerado imaturidade usar o dojo e deixá-lo sujo para que outros limpem. E não existe diferença entre os mais graduados e menos graduados: todos devem fazer o mesmo trabalho de limpeza, seja no banheiro do dojo, seja limpando o chão ou o tatame.
No ato do Soji, no ato da limpeza, aprendemos a limpar nosso ego, aprendemos a ser mais humilde, aprendemos a jogar fora com a sujeira as nossas imperfeições. No ato do Soji podemos meditar sobre o treino, até mesmo realizar o mokuso durante o soji, refletindo sobre os erros e acertos, para buscar a evolução. O Soji é mais do que uma limpeza física, mas um ato educacional de limpeza espiritual. É uma forma de trabalhar o respeito ao próximo e de colocar em prática os dois princípios fundamentais do JudôSeiryoku Zenyo e Jita Kyoei."  (http://www.judoctj.com.br/soji-no-jikan-a-hora-da-limpeza/)

Confesso que adoraria ter aprendido isso quando criança. Primeiro, porque demoramos a dar valor a um trabalho que desconhecemos, segundo porque não sabemos nem como facilitar a vida de quem está fazendo um trabalho quando não o fizemos. Além do despertar da colaboração, da ideia de igualdade, do lado prazeroso e divertido, e como descreve acima - meditativo e espiritual da ordem e da limpeza!
Exemplos para serem seguidos, né! É com pequenos atos que podemos dar liberdade a escravidão - que não é apenas do escravo, mas também dos senhores e das sinhazinhas atuais.

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