O fato é que se queremos um lugar mais bonito, organizado, menos corrupto, arborizado, saudável, feliz, e principalmente em harmonia com a natureza, precisamos nos tornar conscientes dessa
separação entre inferior-superior, que é feita entre pessoas, trabalhos, classes, idades, estética, raças, ideologias, sexos, enfim...
Até achei este texto aqui a respeito:
"No Japão, uma das tradições nas escolas e também nos dojos de artes marciais é que é chamado de“Soji“, que significa “limpar”. Nas escolas japonesas, o “soji no jikan” é a hora da limpeza, ou seja, a hora em que as crianças pegam o kit de limpeza e limpa, lavam a escola. Em geral, são 15 minutos por dia nas escolas, e cada criança possui um grupo de limpeza, com um líder.
Após os 15 minutos, um sinal toca novamente e os membros do grupo se alinham em fila, para que o líder faça perguntas e peça feedbacks sobre a limpeza do dia. O feedback é sempre sobre o trabalho em equipe, sobre o resultado, e o líder busca sempre motivar após o feedback.
A prática do Soji nos dojos brasileiros não é comum, pois temos outra cultura. No Brasil, acreditamos que quem faz a limpeza é uma pessoa inferior, pois é um trabalho inferior e não louvável. Algumas pessoas chegam ao cúmulo de pensar que devemos deixar os lugares sujos para que essas pessoas mais pobres tenham trabalho para fazer e possam manter o emprego. Mas essa crença é falsa, essa cultura brasileira é equivocada.
Por isso, no japão se pratica o Soji nas escolas e também nos dojos, sempre ao final das aulas. É considerado imaturidade usar o dojo e deixá-lo sujo para que outros limpem. E não existe diferença entre os mais graduados e menos graduados: todos devem fazer o mesmo trabalho de limpeza, seja no banheiro do dojo, seja limpando o chão ou o tatame.
No ato do Soji, no ato da limpeza, aprendemos a limpar nosso ego, aprendemos a ser mais humilde, aprendemos a jogar fora com a sujeira as nossas imperfeições. No ato do Soji podemos meditar sobre o treino, até mesmo realizar o mokuso durante o soji, refletindo sobre os erros e acertos, para buscar a evolução. O Soji é mais do que uma limpeza física, mas um ato educacional de limpeza espiritual. É uma forma de trabalhar o respeito ao próximo e de colocar em prática os dois princípios fundamentais do Judô: Seiryoku Zenyo e Jita Kyoei." (http://www.judoctj.com.br/soji-no-jikan-a-hora-da-limpeza/)
Confesso que adoraria ter aprendido isso quando criança. Primeiro, porque demoramos a dar valor a um trabalho que desconhecemos, segundo porque não sabemos nem como facilitar a vida de quem está fazendo um trabalho quando não o fizemos. Além do despertar da colaboração, da ideia de igualdade, do lado prazeroso e divertido, e como descreve acima - meditativo e espiritual da ordem e da limpeza!
Exemplos para serem seguidos, né! É com pequenos atos que podemos dar liberdade a escravidão - que não é apenas do escravo, mas também dos senhores e das sinhazinhas atuais.
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