11 maio, 2020

Estou me guardando para quando o Carnaval chegar!

Um dos documentários que te coloca vários pontinhos de interrogação à mente...
Um filme para refletir esse modo capitalista.
Uma roda de trabalho girando sem parar, quase alucinógena!

Uma utopia sobre autonomia financeira e além desta!
Alguém põe a roda para girar. Mas com que ilusão nos mantemos girando nela?

(em Netflix no momento)

Decrescimento


“Diante dessa ideia que quer colocar no centro da vida humana a produção e o consumo, o imaginário coletivo deve ser descolonizado. Vivemos em um planeta de cinco ou mais velocidades que classifica países, regiões e continentes de acordo com seu poderio e sua pobreza. Alguns poucos acima correndo soltos em direção a um crescimento infinito que não é possível, outros muito abaixo sofrendo doenças para eles crônicas”, escreve Iosu Perales, cientista político, especialista em relações internacionais, em artigo publicado por Rebelión, 01-04-2020. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

decrescimento é uma alternativa econômica? Quando um rio transborda, queremos que decresça e as águas retornem ao seu leito. Trata-se disso. Na realidade, o decrescimento não é uma opção, é uma necessidade.
Atualmente, fala-se muito sobre o dia seguinte em termos dramáticos. Do ponto de vista oficial, estão nos preparando para assumir cortes de todos os tipos em um marco político social autoritário, e agem assim com um enfoque de mais do mesmo, com o objetivo de retornar às receitas de crescimento econômico que mostraram que entre as pessoas e a economia escolhem esta última. Diante desse enfoque fracassado em termos de humanidade e sustentabilidade do planeta - e não de negócios -, defendo a recuperação da palavra decrescimento e a reflexão sobre ela. Deve haver um antes e um depois do coronavírus.
Haverá quem diga que não estou neste mundo e que sou um romântico. Pode ser. Mas se fazemos a pergunta: nosso mundo tem recursos infinitos? A resposta é NÃO. Nesse caso, pode ser sustentada a atual corrida descontrolada que não admite os limites do crescimento? A resposta também é NÃO. Este deve ser o ponto de partida de qualquer proposta para sair desta crise. Sejamos claros: estamos vivendo sob a ditadura de poderes financeiros que colonizaram as instituições políticas até anulá-las. Esse mundo neoliberal é um pesadelo. Nele tudo é vendido e tudo é comprado, até a saúde.
E não apenas isso, a chamada competitividade mudou as empresas de tal maneira que para comprar certos produtos, neste caso produtos de saúde, é preciso ir à China, que vende seus produtos em dinheiro e ao maior lance. É a lei dos custos mais baratos. Nos países europeus, desmantelamos nossas capacidades produtiva e colocamos muros que não podemos saltar. Essa globalização deve ser substituída por outra que enfatize a cooperação, a unidade e as decisões globais.
Uma terceira característica do modelo neoliberal é o endividamento dos países para crescer, sendo que imediatamente precisam crescer para pagar a dívida. É uma lógica perversa que prende países.
Decrescimento não é voltar à penúria, ao atraso. Isso será dito por mal-intencionados intelectuais e políticos que se apegam com as unhas a um neoliberalismo já insuportável. O neoliberalismo é uma traição às pessoas, aos povos. Ao contrário, o decrescimento nos convida, nas palavras do professor basco de economia Koldo Unceta, a “empreender mudanças estruturais na maneira de organizar a produção e a distribuição a serviço das pessoas e de acordo com a preservação dos recursos”.
Isso requer tomar consciência da diferença entre desenvolvimento e desenvolvimento ruim. O último é insaciável e devora tudo, confundindo crescimento permanente com desenvolvimento e prosperidade. Em outro sentido, teria que ser realizada uma redução regular e controlada da produção para assentar um novo paradigma de prosperidade.
Geralmente, o PIB nos é apresentado como o indicador de avanço de uma sociedade. Não dizem avanço em que direção, mas é que o PIB inclui mais más que boas práticas e atividades. A propósito do PIB, não sendo em nada simpatizante de Robert. F. Kennedy, resgato suas palavras de 1968, alertando que o PIB “não mede nem nossa virtude, nem nossa coragem, nem nossa inteligência nem nosso aprendizado. Mede todos os detalhes, exceto o que dá verdadeiro sentido à nossa vida”.
decrescimento leva em consideração a justiça ambiental que nos lembra o conflito entre quem obtém lucro e quem sofre dano ecológico. Quando daremos um respiro ao planeta? Estou pensando em grandes obras e infraestruturas que prejudicam seriamente o meio ambiente. Mas também penso em trabalhos em escala local que procuram fazer parte de um modelo de sociedade que apresenta buracos negros.
Um exemplo próximo: Que sentido faz construir um metrô em uma cidade cujo maior prazer é caminhar pela baía respirando a brisa do mar? Qual é a vantagem para a saúde global da cidade, que tem seu charme e fama merecida em seu tamanho médio, para percorrê-la a pé. Com o que está acontecendo e acontecerá, não é mais ético, mais progressivo e mais ecológico usar seu custo para atender muitas pessoas vulneráveis na própria cidade? Por que há tantos medíocres na política? Por que tão pouco talento? Por que há tanta incapacidade de inovar e imaginar um mundo, um país, uma cidade, mais amáveis?
Em todos os níveis da sociedade, estamos enlouquecendo. O desenvolvimentismo ou o desenvolvimento ruim reativa obras faraônicas, o consumo e o endividamento. Pois bem, o decrescimento é parar e pensar que, se o único objetivo da vida é produzir e consumir, tudo é um absurdo, uma humilhante ideia que deve ser abandonada, segundo Cornéluis Castoriadis (filósofo, sociólogo, economista e psicanalista greco-francês). Uma ideia patética que, aliás, é amplamente usada na política quando se diz as “para as pessoas o que importa é comer”. Quem pensa assim tem uma ideia nefasta da sociedade e deveria ter vergonha.
decrescimento propõe, entre outras medidas: compartilhar o trabalho, reduzindo a jornada de trabalho, aumentando a população empregada, uma renda básica mínima para garantir que todos tenham renda para viver com dignidade. Trata-se também de mudar um estilo de vida que cria frustração e infelicidade.
Diante dessa ideia que quer colocar no centro da vida humana a produção e o consumo, o imaginário coletivo deve ser descolonizado. Vivemos em um planeta de cinco ou mais velocidades que classifica países, regiões e continentes de acordo com seu poderio e sua pobreza. Alguns poucos acima correndo soltos em direção a um crescimento infinito que não é possível, outros muito abaixo sofrendo doenças para eles crônicas. Devemos resgatar a consciência de que somos UMA espécie e que nos salvamos todos ou ninguém, é fundamental.
Todos falharam. Os cientistas, os governos, as instituições mundiais, todos. Submergidos nos desafios de mais e mais crescimento, não souberam avaliar a ameaça real na forma de uma pandemia, manifestando uma falta de preparo para enfrentar perigos pouco conhecidos. Porque é preciso dizer que houve quem advertiu de uma possível pandemia muito agressiva e suas palavras foram tomadas como as de um excêntrico bilionário. Bill Gates disse isso em 2005. Optou-se por deixar passar sua advertência para não alarmar e criar insegurança nos mercados financeiros. Assim funciona esse mundo.



07 maio, 2020

Wesak. Iluminação.

Hoje Wesak 07:45. Dia que se comemora a iluminação do Buda (por alguns segmentos, outras a comemoram no Saga Dawa).

Acordei com uma sensação leve, boa, e lembrando vagamente do sonho que acabara de ter tido. Um homem negro, uma senhora, amor genuíno. O amor expandia-se entre eles, e entre mais e mais pessoas. Mais tarde me deparo com o vídeo abaixo, que fala de tantas coisas que acredito hoje como caminhos da iluminação!

Iluminar as ilusões, os equívocos, as crenças que nos colocaram o que era o certo, o bom, o "amor"...  Clarear aquilo que é de verdade, que não foi imposto, que é genuíno.

O perdão. 

A compaixão. A intimidade que é a compaixão, o interesse pelo outro, a escuta.

Há anos que comemoro em grupo o Wesak, acendemos fogueira, comemos, nos reunimos. 
Neste 2020, não foi possível, mas parece que ganhei esse presente de Buda. E ganhei certamente para compartilhar com você!




27 abril, 2020

O Confeiteiro - Filme


Esse é um ritmo de filme que gosto demais. Com pausa, respiros. Silêncios que falam mais que palavras. Mas que talvez tenha me tocado mais pelo momento do isolamento social, provocado pela pandemia. 

Este é um filme que trata dos sentidos - o gustativo em especial! Mas em segundo plano todo sustentado pela avidez da presença - ainda que saciada através de outros sentidos, outras presenças.

Delicado. Bonito. Àvido.


Disponível no Telecine neste momento.

27 janeiro, 2020

Poder ou Liberdade?


Hoje pela manhã liguei a minha playlist e sem querer começou a tocar o merabh do Adamus: Além da mentira da escuridão, que não ouvia há muito tempo...

Fiquei refletindo... nesse merabh ele diz que devemos eliminar a mentira sobre o que é negativo, ruim, não 99%, mas 100%. 

Enquanto há crença sobre isso, há poder. Há a necessidade do poder.

Fiquei refletindo... faz bem sentido. Se há poder não há liberdade de fato. O poder combate algo, e ao combater sustenta uma ilusão. 

Desidentificar! 

Alguns trechos do merabh abx (integral neste link).


Merabh Além da Mentira da Escuridão


A maior realização de Satã, do mal, da escuridão foi fazer com que as pessoas acreditassem que isso existia. Não existe. Não. Se todos neste planeta liberassem isso, caminhassem além disso, este planeta seria totalmente diferente. Mas não vão fazer isso. Eles têm interesse na escuridão. Realmente têm.

A maior agressão de todas vem das religiões. Elas investiram na escuridão. Elas a promovem. Elas a utilizam em seu marketing. Elas não falam de liberdade. Não falam da graça em sua vida. Não falam da beleza de sua alma.

Vocês não pensam: “Bem, será que preciso continuar temendo um pouco a escuridão, mantendo essa crença na escuridão, no bolso de trás, em caso de necessidade?” Vocês liberam tudo, 100%. E, então, para vocês, ela não existirá. Para o resto do mundo, sim, mas, para vocês, ela não existirá. Não fará mais parte da sua realidade e do seu sistema de criação. Ponto final.

O Mestre percebe que nunca fez nada de ruim, porque não existe ruim. O Mestre percebe que não está tentando superar nada, porque não a nada a ser superado. A vida é apenas uma experiência. Uma linda, sensual, apaixonada e expressiva experiência. E, embora os outros possam escolher viver à sombra da escuridão em suas vidas, embora os outros possam escolher se julgar, se avaliar e considerar que parte de si é ruim ou obscura, nós vamos seguir além disso.

Nós não estamos dissolvendo ou limpando um pouco disso. Não estamos liberando de forma gradual. Acabou. Acabou. Não há gravidade para a mentira da escuridão. Não há atração para o pensamento de que vocês são ruins ou podem vir a ser ruins se não tomarem cuidado.

Vocês caminham para além disso. Não há preocupação residual, caso tenham sido viciados em drogas, de voltarem para as drogas. Não. Vocês não vão voltar. Nada os prende na preocupação, caso tenham bebido demais em determinada época, de voltarem para isso. Não, vocês não vão voltar. Vocês caminham para frente. Isso não faz mais parte da mentira em que vocês acreditavam. Vocês simplesmente caminham para frente.

A mente vai brigar com vocês com relação a isso, certamente vai brigar. A coisa vai ficar mental. Ela vai tentar se justificar. Vai tentar fazer aquele negócio onde diz: “Bom, tudo bem, vamos ficar 10% melhor, vamos liberar 10% da crença na mentira da escuridão.” A mente vai dizer: “Mas você não está pronto. Não dá para liberar tudo.” A mente vai se tornar filosófica com relação a isso. Vai argumentar. Não. Não. Chega. Acabou para nós.

Quem é Satã? Os humanos que não se permitiram ser o Eu Sou. Os humanos que inicialmente usaram o conceito de Satã e de escuridão para controlar os outros. Os humanos que não conseguiram se amar. Esses são Satã. Os humanos que não conseguem acreditar que eles são divinos, que eles, de fato, não fazem nada de errado até começarem a acreditar no erro.


Liberdade é quando vocês permitem o fato de nunca terem feito nada de errado. 
E ponto final.



29 novembro, 2019

Simplificar

“'Simplificar, simplificar, simplificar.'

 Estas refrescantes palavras escritas por Henry Thoreau recordam-nos de que muito do nosso sofrimento vem de adicionarmos complicações desnecessárias às nossas vidas. Parece que estamos continuamente a tecer elaboradas redes conceptuais, mesmo que à volta de eventos simples. Nós distorcemos a realidade, e envolvemo-la com complicações ao lhe sobrepormos construções mentais fabricadas. Estas distorções inevitavelmente levam a estados mentais e comportamentos que minam a nossa paz interior, assim como a de quem nos rodeia.

Quantos projetos humanos e causas nobres falharam simplesmente devido a complicações desnecessárias! Nós precisamos simplificar os nossos pensamentos, simplificar as nossas palavras e simplificar as nossas ações. Precisamos evitar cair em ruminações mentais circulares, conversas sem sentido, e atividades vãs que desperdiçam o nosso precioso tempo, e geram todo o tipo de situações disfuncionais.
Ter uma mente simples não é o mesmo que ser ‘básico’. A simplicidade da mente reflete-se em lucidez, em força interior, em vivacidade e num contentamento saudável que resiste às tribulações da nossa vida com um coração leve. A simplicidade revela a natureza da mente por detrás do véu de pensamentos irrequietos. Reduz o sentimento exagerado de auto-importância e abre os nossos corações ao altruísmo genuíno."

 —Matthieu Ricard, In Praise of Simplicity (https://www.matthieuricard.org/en/blog/posts/in-praise-of-simplicity--2)

21 novembro, 2019

Novo Blog - Sentidos - Psicoaroma!


Dias desses olhei aqui para o blog... e achei que ele não fazia mais muito sentido... rs
Ok...  faz um tantinho! Mas a gente muda e aos poucos vou alterando coisas por aqui...

Então, fiz um novo Blog - onde estarão contidos apenas sobre os óleos essenciais mais específico a psicoaromaterapia e as emoções! Já repassei alguns artigos daqui para lá e outros. Confere lá?

www.psicoaroma.blogspot.com



06 novembro, 2019

O mindfulness é a espiritualidade do capitalismo


Em entrevista à VISÃO, Ronald Purser defende que "o mindfulness retira das empresas a responsabilidade pelo stresse que causam e coloca-a nos indivíduos, como sendo algo com que estes têm de aprender a lidar"

Depois de uma troca de emails, combinámos a entrevista para quando Ronald Purser, 63 anos, voltasse de um retiro. Este docente de Gestão na Universidade de São Francisco, na Califórnia, é budista, faz meditação e é professor de Zen Dharma, ordenado, em 2013, pela Korean Zen Taego, uma ordem do budismo, religião que estuda desde 1981. Autor de oito livros (incluindo How Mindfulness Became the New Capitalist Spirituality, editado este ano) e de múltiplos artigos científicos, Ronald Purser é muito crítico do mindfulness que se pratica no mundo ocidental, especialmente no âmbito empresarial. Os seus argumentos são claros: as pessoas usam este tipo de meditação para aprender a lidar com o stresse, stresse esse que é causado pelo contexto laboral em que se inserem. Este mindfulness ao jeito de fast-food acaba por dar uma ajuda às formas mais graves de exploração dos trabalhadores, dizendo-lhes que o stresse é algo com que têm de lidar. Ponto. “O mindfulness envia a mensagem de que os indivíduos são responsáveis pela sua saúde mental, independentemente dos salários ou das condições de trabalho”, diz. Recordando que este tipo de meditação era, na sua origem, um modo de vida, “um caminho de desenvolvimento ético e moral, que levava à sabedoria e à compaixão”, Purser coloca o dedo na ferida desta sociedade obcecada por aplicações de telemóvel, nos intervalos da lufa--lufa diária. Depois de um artigo seu intitulado Beyond McMindfulness se ter tornado viral, Ronald Purser tem falado sobre o assunto em diversas entrevistas e artigos de jornais um pouco por todo o mundo. Além de o ler aqui, vale também a pena espreitar o seu podcast em mindfulcranks.com.
Os efeitos do mindfulness estão sobrevalorizados?
Sim, sem dúvida. Sobrevalorizados e vendidos de forma exagerada. O marketing vende o mindfulness como se fosse bom para toda a gente e para qualquer situação.
E é bom em qualquer situação?
Não. O problema está justamente aí. O mindfulness é vendido como se fosse uma panaceia para qualquer estado mental de ansiedade. Não é bom para toda a gente, e os estudos começam a mostrar que pode, aliás, causar ainda mais ansiedade e que a meditação mindfulness tem efeitos adversos para algumas pessoas. Mas, com isto, não quero dizer que seja completamente inútil ou desprovida de qualquer benefício.
Diz-se que um dos benefícios é que as pessoas tomam o controlo das suas emoções…
Estou mais preocupado com a forma como o mindfulness tem sido usado em determinados contextos como uma forma de controlo social. Falo, por exemplo, do ambiente empresarial, em que o mindfulness é usado como um meio de substituir o fardo, ou seja, de levar os trabalhadores a adaptarem-se e 
mesmo a assimilar determinadas condições de trabalho numa cultura empresarial que é ela própria a causa de tanto stresse. Ou seja, o ônus passa a ser dos indivíduos, e o mindfulness é usado para manter um sentimento de pertença e status quo em vez de ajudar as pessoas a, coletivamente, trabalhar para que haja mudanças estruturais nas condições de trabalho a que estão sujeitas – e assim reduzir o stresse. Assim, estes problemas laborais ficam reduzidos a uma questão individualizada, como se fosse uma questão de lifestyle com que a pessoa tem de lidar, e não uma questão social e política. Assim, focando-nos no stresse, podemos ser ensinados a ser mindful em vez de olharmos para as condições subjacentes que nos causam tanto stresse.
Como se a culpa fosse dos trabalhadores.
Certo. Retira da empresa a responsabilidade pelo stresse que está a causar e coloca-a nos indivíduos. É por isso que eu chamo ao mindfulness a “espiritualidade do capitalismo”. Se olharmos para o mindfulness promovido pelas empresas – e estas são mesmo iniciativas da gestão –, parece, na superfície, que é uma situação em que todos ganham: podemos aumentar a produtividade mantendo os trabalhadores mentalmente em forma. Mas, ideologicamente, isso funciona como um instrumento para a autodisciplina.
Porque trabalhadores felizes são mais produtivos…
Bem, isso tem sido uma ideia da gestão desde há 60, 70 anos, que vai e vem em diferentes momentos. Mas o mindfulness envia a mensagem de que os indivíduos são responsáveis pela sua saúde mental, independentemente dos salários ou das condições de trabalho.
Então diz que esta doutrina da “autorresponsabilidade” está a distrair-nos dos problemas reais…
Sim. E já há muito tempo. Houve um acadêmico (não recordo o nome) que cunhou o termo self-helpism (autoajuda), e que coloca os problemas a nível do indivíduo. Isso quer dizer que as soluções também são formuladas a esse nível. Isso molda a forma como refletimos sobre os problemas reais, colocando-os no plano do não político, privatizando a luta pelo bem-estar.
Vê-o como um instrumento de desigualdades nas empresas?
Sim, mantém as relações de poder desiguais que caracterizam as empresas e organizações capitalistas. Basicamente, reproduz estas relações de poder através da ilusão da autodisciplina.
Na opinião publicada há quem chame ao mindfulness “uma revolução”, como a Time, por exemplo. É mesmo revolucionário?
O que é que o mindfulness muda radicalmente para ser considerado revolucionário? Ao contrário, acho-o bastante conservador e harmonioso com os valores liberais.
Mas se de facto resulta, se faz as pessoas mais felizes, o que interessa que seja um “instrumento do capitalismo”, como diz?
O que quer dizer com “de facto resulta”? Em que contexto?
Se de facto reduz o stresse…
Isso é o que é apelativo no mindfulness; dizer que é uma técnica que resulta em qualquer contexto para qualquer objetivo. Ao mesmo tempo, é bastante problemático. Resulta com que propósito? O Exército norte-americano pode dizer que resulta para melhorar a performance dos seus atiradores de elite… A questão de fundo é que o movimento do mindfulness está a ser usado para dizer que é o indivíduo que tem de se adaptar às condições políticas, sociais e econômicas, que a mudança tem de ser feita dentro da própria pessoa. O que oculta a importância da ação coletiva. O mindfulness é um pobre substituto para a real mudança das organizações, agarrando nos problemas estruturais e reformulando-os como problemas psicológicos.
No entanto, parece libertador poder controlar os nossos próprios níveis de stresse.
Sim, as pessoas ficam com a ilusão de que estão realmente a fazer uma escolha usando estas técnicas. Só que os promotores do mindfulness estão ligados às empresas, às organizações, privadas e públicas. Se vendem os workshops e cursos às empresas, não vão querer tornar-se um problema para as mesmas colocando questões difíceis. Não são uma ameaça para o status quo ao dizer que o stresse pode ser gerido dentro da nossa cabeça e não interrogando as causas. 
“O stresse é privado, é um problema teu, é um fator que pode ser gerido dentro da tua cabeça” – isso é apenas uma narrativa, e muito limitada, falhando no reconhecimento do contexto da vida das pessoas. Um indivíduo não é um átomo, é também o seu contexto social e político. Por outro lado, normaliza o stresse, naturaliza-o e diz às pessoas: “Olha, o stresse é algo com que tens de lidar, então descobre por ti como lidar com ele, seja através do mindfulness, ioga, o que quer que seja.” Por isso é tão atraente para as empresas e os governos que tentam reduzir os programas e o orçamento da assistência social.
Vê o mindfulness no plano político.
Sim, tornou-se político porque individualiza todas as questões. Promove a ordem e a harmonia social dentro das empresas persuadindo as pessoas de que o stresse que sentem deve-se simplesmente à sua incapacidade de ser mindful, de controlar as suas emoções. O que pode levar um indivíduo a culpar-se por não ser capaz: “Se toda a gente parece estar a beneficiar com o mindfulness, então devo ter alguma coisa de errado.” Mas é muito popular porque é vendido com o foco no campo médico, como uma ideia de bem-estar, uma técnica terapêutica de automonitorização, autorregulação, auto-otimização. Assim é fácil de vender.
Não é consensual a cientificidade do mindfulness como técnica terapêutica?
Há uma grande diferença entre o que os média dizem e o que os artigos científicos dizem. Muitos estudos tiveram conflitos de interesses e o que se está a descobrir agora é que os resultados foram inflacionados. A verdade é que o entusiasmo pelo mindfulness está bem acima do que a comunidade científica tem dito sobre esta técnica. Vendem-no com uma aparência de cientificidade para o tornar credível. Como acontece com qualquer nova dieta que apareça no mercado. Mas não é o caso. Tem-se provado que esses estudos científicos têm inúmeros problemas metodológicos que estão a ser expostos.
Fala contra a exploração dos trabalhadores no mercado livre…
O que eu digo é que as corporações têm responsabilidade pelas condições de trabalho. Porque hão de descartar essa responsabilidade atirando-a para o campo dos problemas mentais? Além disso, ainda usam o mindfulness no campo das relações públicas. Promovendo programas para os seus trabalhadores, fá-las parecer empresas benevolentes. É como as empresas de petróleo e de químicos a aparecer em anúncios de televisão a dizer que estão muito preocupadas com o ambiente…
Estamos então a “consumir” mindfulness como quem vai almoçar ao McDonald’s?
Sim, de facto. O mindfulness é apresentado como uma cura rápida e fácil para o stresse. Como uma fast-food espiritual.
Você faz meditação…
Sim. Mas não tem nada que ver com o mindfulness que é praticado nas empresas.
E é professor de Dharma. O que é isso?
É um passo no percurso de um professor na tradição da escola budista.
É ainda possível espalhar pelo mundo o mindfulness original, na sua versão “lenta”?
Não é possível voltar atrás no tempo. Mas é importante ter consciência de que o mindfulness veio de um contexto social, cultural e político completamente diferente do que o temos agora. Apareceu há séculos na Índia e o seu propósito não era apenas tirar o stresse e fazer com que as pessoas se sentissem um pouco melhor, mas percorrer um caminho espiritual que incluía muitas outras coisas além da meditação per si. Um caminho de desenvolvimento ético e moral, que levava à sabedoria e à compaixão. O contexto original do mindfulness era baseado na libertação espiritual que pretendia reverter as causas do sofrimento dos seres humanos. Era uma tradição monástica e as pessoas dedicavam-lhe toda uma vida; e não apenas três minutos por dia através de uma aplicação qualquer. Não era sobre o “eu”; pelo contrário, era uma forma de se libertar das fronteiras do “eu”. O que vemos agora é um mindfulness como terapia centrada no “eu”, no bem-estar, algo reduzido a uma competência. É muito diferente.

Fonte: http://visao.sapo.pt/atualidade/entrevistas-visao/2019-10-27-O-mindfulness-e-a-espiritualidade-do-capitalismo?fbclid=IwAR3fZKjWdxcaefJAtMjgWWNb-46t4iXme4aNYBVqCEEJfDQYODtxfk_0gOs (Portugal)


28 outubro, 2019

A raiva - Uma virtude

Este ano, a pedido da Editora Vozes, traduzi um livro da Irmã Beneditina Joan Chittister - Entre a Escuridão e a Luz do Dia. Apaixonei! Hoje me senti obrigada a traduzir este artigo, publicado originalmente aqui.
""Falando em termos gerais", disse o Dalai Lama, "se um ser humano nunca demonstra raiva, acho que algo está errado. Há algo de errado em seu cérebro ".
Li essa afirmação e comecei a pensar novamente: o fato é que estou perturbada porque estou buscando por mais raiva do que a que estou ouvindo. O silêncio que estou ouvindo soa como uma sentença de morte.
A conversa não está fácil hoje em dia, eu sei. Está difícil conversar com alguém sobre qualquer coisa sem tocar em política. E esse é um território perigoso. Você nunca sabe que relação social poderá ser destruída. Uma amizade importante? Um relacionamento familiar próximo? A festa no quintal que acontece há anos, organizada pelo vizinho que faz churrasco? As pessoas com quem trabalha? O seu casamento?
Então ninguém fala. Todos os temas considerados importantes, interessantes e relevantes estão fora da lista. Até a política. Talvez acima de tudo, a política.
Afinal, fomos criados para sermos agradáveis. Ensinamos nossos filhos a serem agradáveis. Mas hoje, ser "agradável" é ter conversas que não levam a lugar nenhum. Nada de opiniões. Nada de novas ideias. Nada de conversas que antigamente eram cheias de brilho, educativas. A conversa, hoje em dia, simplesmente morreu, se transformou em nada. Não há muito a ser dito. A conversa "agradável" concorda com tudo, ouve, mas não busca sentido, não desenvolve ideias e não apresenta dados para abrir novos aspectos sobre o tema. Essa gentileza, esse "ser bonzinho" garante que todos nós nos tornemos hipócritas. Nós sorrimos. Não dizemos nada em contrário. Nada acrescentamos à sabedoria ou à honestidade da raça humana.
Mas "ser bonzinho" – manter o silêncio em prol da paz - não é uma virtude; ser bonzinho é, no máximo, uma fuga da realidade, a camuflagem da honestidade. E assim, não corrige nada. Não reúne as famílias, os amigos, os colegas - o país - novamente. Simplesmente aumenta a distância entre nós. Onde não há possibilidade de discutir coisas difíceis juntos, não há relacionamento a ser salvo. Quanto maior a distância, maior a pseudo-relação.
O silêncio simplesmente não está funcionando.
Parece-me, então, que precisamos de uma nova categoria de virtudes para tempos como esses. Precisamos do tipo de virtude que nos permite fazer algo a respeito do que está nos incomodando. Para resolver uma discussão, precisamos avançar nessa discussão. Então, vou sugerir algumas abordagens diferentes para estes tempos difíceis, na esperança de que, enfrentando tudo de frente, possamos de alguma forma encontrar o caminho de volta para perto dos amigos, familiares e vizinhos, com honestidade e sem rancor.
A primeira virtude que sugiro para esta era de frustração reprimida é a raiva.
Isso mesmo: a raiva.
É a raiva que inclina o eixo da terra, nos arranca da rede de dormir e nos atira no centro da realidade. Paramos de perambular pela vida.
A raiva é o que brota em algum ponto entre o antagonismo e o ódio dentro de nós. A raiva não surge para destruir. Ela surge para exigir uma resolução. Nós já sabemos que as coisas simplesmente não podem continuar como estão. A raiva demonstra essa inquietação e trabalha em direção à resolução. Ela nos mostra que alguém tem algo mais a dizer, algo que precisa ser dito, se é que queremos nos recuperar da ruptura que separa os segmentos de nossas vidas.
Melhor ainda, a raiva é o ponto em que algo mais deve ser feito se quisermos que nossos pequenos mundos particulares voltarem a se equilibrar.
A raiva, em sua forma saudável, não se destina a ser má ou cruel. Se for assim, ela é de fato inútil e fora de controle e, nesse caso, a raiva se torna o problema e não parte da solução. A raiva simplesmente diz "basta!" É exatamente quando o compromisso de encontrar uma solução finalmente surge.
Então compreendemos que a raiva sagrada diz respeito ao que nos causa raiva e à consciência da função da raiva no mundo. De fato, é o que nos deixa com raiva que mede a profundidade de nossas almas.
Quando o que nos causa raiva é ver crianças imigrantes presas, é hora de fazer alguma coisa. É hora de recusar que nosso silêncio seja interpretado como uma aprovação daquilo que não gostamos. É o momento de deixar claro que, se esse tipo de comportamento não parar, haverá consequências. É hora de levantar as mãos em público, fazer uma declaração clara para todos vejam: "Conte comigo".
A raiva é a necessidade que temos de tratar de um assunto até que ele se resolva, mas também é o momento de percebermos que a resolução não acontecerá, a menos que tenhamos a intenção de elevar a compreensão e a sensibilidade com respeito aos outros. É preciso tomar uma posição, mas procurando entender as necessidades que estão por baixo de posições totalmente diferentes. A raiva não insulta, não humilha e nem julga uma pessoa que toma posições diferentes das minhas. Ela busca o meio termo para atender às necessidades de todo o espectro humano, e não apenas às minhas.
A verdade é que a raiva se preocupa, mas a raiva também escuta. Escutar é a única maneira de duas pessoas se unirem, respeitando ideias diferentes e com abertura genuína a outro ser humano.
A raiva, em outras palavras, é um contador Geiger. Ela detecta as bombas-relógio do coração. Traz luz. Ela busca as suas ideias-raiz. Ela busca complementar os dados disponíveis. E isso aprofunda a abordagem de um determinado tema. Traz profundidade. Exige que analisemos nossas próprias posições de forma mais crítica. Acima de tudo, isso pode nos levar a uma compreensão mútua que, por sua vez, pode nos levar a encontrar outra maneira de resolvermos uma situação juntos.
A raiva sagrada não nos endurece em nossa posição; ela nos leva a fazer algo para buscar soluções. Acima de tudo, torna impossível que continuemos sendo superficiais. A raiva nos diz que há algo acontecendo nessa situação que precisa ser revelado. Algo que precisa ser curado. A raiva saudável não ferve nem queima; ela se junta ao chamado para encontrar outro caminho.
Raiva é energia. Ela nos afasta da TV para escrevermos uma carta a um senador dos EUA sobre empréstimos a estudantes ou ao conselho escolar local sobre a necessidade de cuidar melhor da cidade. Ela elimina a complacência que se instala na vida antes que seja tarde demais para nos salvarmos da “gentileza” que silenciosamente azedou. Abre nossos olhos para novas necessidades.
A raiva também nos conecta. Ela nos coloca em contato com pessoas que sabem mais do que nós sobre um determinado assunto, ou nos tira do sofá para fazermos algo para desmascarar o que se esconde sem contestação na sociedade. Ela rasga o curativo da gentileza com o que quer que esteja moldando nosso mundo, enquanto nos recusamos a fazer nossa parte para moldá-lo.
Acima de tudo, a raiva é um sinal que eu envio ao o mundo sobre a importância do que me preocupa. Clama para que o silêncio público seja quebrado.
De onde eu estou, sinto muita raiva por colocarem crianças estrangeiras em gaiolas. Incapazes de expressar seus medos, elas vivem o terror de despertar novamente, dia após dia, em um lugar estranho, sem suas famílias por perto para cuidar delas.
Também sinto muita raiva pelo o fato de o insulto pessoal ter se tornado uma característica aceitável de um sistema governamental americano que se baseia mais na injúria do que na razão. Para piorar a situação, ter como símbolo da América um presidente que humilha outros - até aliados - que pensam de maneira diferente dele, é um ataque contra a própria democracia. Pode muito bem nos isolar em um mundo que está rapidamente se tornando uma vila global.
Sinto raiva de ver o sistema presidencial americano se transformando rapidamente em uma monarquia. E estou com muita raiva de um congresso adequado, mas silencioso, sem consciência, que está permitindo que a democracia se deteriore diante de seus olhos. Eles não dizem nada, enquanto os parlamentares britânicos se levantam e cruzam os braços pelo corredor para salvar a democracia britânica.
Admito que demorou um pouco, mas finalmente fiz as pazes com raiva, graças a Edmund Burke, que em 1769 esclareceu para mim a diferença entre paciência e covardia. Burke entendeu o lugar da raiva na jornada para a justiça. Ele escreveu: "Existe um limite a partir do qual a tolerância deixa de ser uma virtude".
Com a democracia e o próprio caráter deste país em perigo, sinto-me obrigada a levantar essa questão em todos os lugares. Menina. Boazinha. Nunca. Mais.
Pelo menos não até que a América seja a América novamente."
Joan Chittister é uma freira beneditina da Pensilvania, EUA.

21 outubro, 2019

Lufe - Dicas de Vídeos YT


Eu que gosto de casa e decoração e tal... apareceu como dica no YT o canal do Life by Lufe, e comecei a ver as casas que ele visita...
E foi engraçado.... no início vi uma série de casas - a série apartamentos pequenos - alguns com tanta coisa, tanto colorido, que eu minimalista que sou, ficava exausta.... até ver um vídeo de uma casa argentina - que me encantou. Apesar de ali ter muiiita coisa e muito colorido, tudo sei lá combina, tem Vida! E esse click que me deu, dessa coisa de apreciar as coisas não perfeitas... foi uma novidade gostosa de ver. Perceber como já somos culturalmente preparados para ver que aquele rasgadinho precisa ser trocado pelo novo, que aquela lasquinha precisa ser consertada. Modelos que nos geram a ânsia do consumo! Puro marketing que foi incutido via filmes e novelas e mídia. E a gente vai indo e comprando, e se sentindo insatisfeitos, e nem repensa.

Influenciam o que vestimos, como nosso corpo deve ser e mais... e também como nossa casa e moradia deve "aparentar"! Socorrroooo.... rs

Bom... enfim... continuo minimalista, mas meu olhar sobre as lasquinhas e imperfeições cotidianas ganhou mais um tantinho de novas e deliciosas leituras!

Vou deixar abaixo vídeos que curti do Lufe, do que já andei vendo. Embora todos sejam interessantes, conhecendo outros jeitos de viver e de morar:

A casa da argentina que comentei: https://www.youtube.com/watch?v=1nbj02Kb1CA

Lúdica: https://www.youtube.com/watch?v=4AshR8Dt3nI

Érika Karpuk: https://www.youtube.com/watch?v=YjiEEjRgjXg

Pai e a casa: https://www.youtube.com/watch?v=8y0HeSSjAQE

Airnb Minimalista: https://www.youtube.com/watch?v=F8v1KwLlctc&t=226s

Casa na Índia: https://www.youtube.com/watch?v=TDK7SItDwf0

Arquitetura Marroquina: https://www.youtube.com/watch?v=4DUQcq_9No0 (vale ver tb toda série Marrocos!)

Casa Sustentável: https://www.youtube.com/watch?v=O2F5yL9mOhk




Espiral de Mudanças 

O Universo Conspira!

Agora aqui esse é O tema!

O Lufe de vez em quando comenta sobre essa série que ele fez. E fui lá ver.... são 30 episódios de uns 15/20 min. que você fica vendo como série, quer logo saber de tudo. E o Lufe empolgado que só (!) vai contando com os olhinhos azuis brilhando... 

Adorei, me emocionei, relembrei espirais por onde também passei, muito semelhante ao que ele conta. Mágico quando estamos assim... fluindo com o Universo!

E sobretudo lembrei do cultivo, de não se perder no caminho! É muito fácil a gente se perder. nas ilusões das aparências... e esse propósito durante a saga nessa "espiral" é INCRÍVEL!

Quer se inspirar? Assista!





*



09 outubro, 2019

Anosmia


A proposta é separar 4 óleos essenciais – limão, rosa, cravo-da-índia e eucalipto-glóbulos – e inalar gotas depositadas dentro de um potinho de vidro por 20 segundos, 2 vezes ao dia, por no mínimo 4 meses. Existe um diário onde o paciente deve avaliar a experiência em 4 quesitos: potência do cheiro, reconhecimento do cheiro, descritores do cheiro e sensações despertadas pelo cheiro.



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