11 fevereiro, 2009

O Ciclo do Feminino (Dança, Música e Aromas)

A compreensão das fases e o resgate de ritmos através da dança, da música e dos aromas

Ciclos, fases, ritmos... palavras cúmplices do universo feminino.

Um ciclo é o conhecimento de uma trajetória, como uma volta circular.

Fases. Faces diferentes de uma mesma atribuição. Assim como a lua e a mulher que independente de suas fases (e humores!) manterá sua essência.

E ritmo...  O ritmo é feito de tensões alternadas, como sons e pausas. E assim como as ondas do mar, folhas ao vento ou chamas em fogo, o segredo de um ritmo consiste na organização de suas pausas. Pausas não estáticas, mas sim transições entre uma ação e outra. Sem essa coordenação, não existe forma e a função se perde.
É fácil dar o exemplo de um belo ritmo: tensão e relaxamento contínuas e ritmadas organicamente explodem em êxtase.

Nos ciclos femininos, há pequenos e grandes círculos.
Um grande ciclo existe, por exemplo, em nossa ancestralidade, ligadas pelos ventres de todas as mulheres que aqui chegamos.
Nessa longa esfera estão mulheres sábias, selvagens, fortes, e também mulheres reprimidas, sabotadas, fragilizadas....Muitas faces.... do atributo feminino, cada qual reverberando em nós. Essas mulheres teceram um longo caminho, ajudando a construir quem agora somos!

E quem somos?
Relembrar e SER quem somos é o nosso maior desafio por aqui... afinal também teceremos pela vida essa identidade com cada ação, cada gesto e opção que fará ecoar ao mundo nossos valores. Quem então agora Somos.

E o desafio fica grande, porque tantas vezes seremos penalizadas por não ser, penalizadas pelo medo e pela distância psíquica de nossa origem. Vamos nos ocultar, enchendo-nos de tarefas, adiando, ou na inércia - não se concedendo tempo, nem valor.
E assim em nossa identidade de fêmea vamos enlouquecendo com relacionamentos que não nos valorizam, baixa auto-estima, humores instáveis, tensões pré-menstruais, menstruações doloridas, infertilidade, transtornos na menopausa, enxaquecas, candidíase, tumores e por aí vai com muitas síndromes modernas!

O grande ciclo, nossas origens, ajudam-nos a organizar os pequenos ciclos.

Como então podemos passar pelas memórias deste grande círculo feminino e sagrado? Refazendo contato com a natureza instintiva da psique feminina.

E os aliados desse busca podem ser a dança, a música e os aromas!

No corpo de cada mulher existe uma música, um perfume, uma dança.
Nossas células guardam memórias antigas de danças rituais e celebrativas, que faziam o corpo tocar a alma da grande vida... e numa roda, onde dessa forma a alma da vida também era tocada! Tambores marcavam os diferentes compassos do coração numa celebração ao viver. A música sempre deu luz aos movimentos, fluindo e expandindo os corpos.

As músicas orientais são remotas, uma viagem no tempo...

As danças orientais, como a do ventre, de origem sagrada e propulsora da força criativa – com seus movimentos orgânicos circulares, espirais ou stacatos - fazem "dançar" regiões físicas e psíquicas adormecidas. A força da vida, o equilíbrio, estão no centro. Nos seres está no ventre. Observe o ponto de apoio de animais e bebês: ventre!

A dança do ventre respeita a estrutura feminina em todas suas idades, fases. A dança inclui alongamento, respiração, postura, coordenação e flexibilidade. Em movimentos de ventre, quadris e pelve que irão massagear os órgãos, irrigando em especial os reprodutores, enchendo-os de vitalidade. Os movimentos chegam como troca energética em ritmo pulsante e circular ao tórax, coração, braços e mãos; numa transição sempre rítmica.
A dança do ventre esconde e revela, sublima e expressa, integra presente e passado.

O oriente também sempre foi perfumado... lá foram encontrados os primeiros registros de óleos essenciais.

O olfato, o mais antigo dos sentidos, faz parte da natureza selvagem. Um bom faro é sinônimo de instinto, intuição. Sentir os aromas ajuda a aguçar o sentido da percepção, a inspiração. Os aromas dos óleos essenciais (OEs) recordam, despertam, alegram, elevam a vibração, equilibram. Trazem desde o encanto de uma viagem atemporal até o equilíbrio das diversas fases. Sem contar que toda essência floral é um ser feminino! Doces, elas recordam afeto, presença e envolvimento.

Alguns OEs são bem-vindos para o equilíbrio hormonal, evitando a retenção hídrica típica do período menstrual. No alívio das tensões, dores de cabeça de fundo hormonal e problemas psicossomáticos da menopausa como a ansiedade e a depressão.

- Gerânio (pelargonium graveolens)* - pesquisas mencionam a eficácia do Gerânio na prevenção do câncer de útero e mamas. Um óleo bastante lembrado quando o tema é "proteção". Aproveite para ler também o Festival Gerânio.
- Salvia Esclaréia (salvia sclarea)* - estimula os ovários tonificando e induzindo a produção equilibrada dos hormônios, também valiosa na fase da menopausa. O nome Esclaréia significa "clarus", e é símbolo também de "olho interno", curiosamente o olho egípcio de Horus ou "olho-místico" é atríbuido a clarividência e também a glândula pineal.

A palavra menstruação vem do latim mens, que significa tanto mês quanto lua. Foi através da biologia feminina similar aos ciclos da lua, que se denominou o tempo de um mês. A lua cheia, é conhecida como a lua menstruada, dos excessos, dos mistérios, mas também da plenitude!
Estudos científicos relacionam a glândula pineal como a “formadora de ritmos”, e parte dessa informação viria da alternância de dia e noite, ou seja claro e escuro. Sem falar na influência lunar, que possivelmente através da pineal, exerce um forte magnetismo com as fases femininas. Parece então haver uma relação muito especial por estes óleos, Gerânio e Esclaréia, atuarem como protetores especiais para estas fases.

Muitos outros OEs contribuem para a saúde feminina, vale citar:

Limão: forte ação solvente, e portanto desintoxicante suave do organismo de forma geral.
Camomila *: ajuda a regular o ciclo menstrual e a atenuar cólicas.
Cipreste *: regula o ciclo, principalmente em casos de fluxo intenso.
Erva-doce/Funcho *: similar aos efeitos da Esclaréia, atua como estimulante dos ovários.
Vetiver : tônico do sistema reprodutor.
Rosa *: tônico uterino, alivia sintomas da TPM e cólicas menstruais.
Ylang Ylang *: equilibra os hormônios e a afetividade tonifica útero e mamas.

Como usar: ventre, mamas, glúteos, axilas, abdômen, rins, axilas devem ser massageados em movimentos circulares, diluindo os OEs em óleo vegetal (OV) prensado a frio a 3% (máximo), ou seja 97 partes de OV + 3 partes de OE puro ou sinergia (mistura). Use preferencialmente à noite, depois do banho (os poros dilatados facilitam a penetração dos ativos). Para inalação, pingue 1 gota em um lenço, colar de aromatização pessoal, ou no INSPIRA.

Os aromas, a música e a dança do ventre celebram e comungam com nossas células. No ritmo está o resgate do ciclo perdido, está a compreensão além das fases, tocamos nossa origem.

*Nota : A Sálvia Esclaréia, o Gerânio e demais óleos citados estimulam os ovários. Devem ser utilizados com cautela por quem tem mioma ou endometriose e tenha sido suspensa por medicamentos da menstruação, pois esses óleos regularizam e estimulam a menstruação. Pelos mesmos motivos deve ser evitado por gestantes e durante a amamentação.

Agradecimentos :
À Claudia Parolin, com que tenho aprendido na prática sobre a dança do ventre integrativa, e que faz com maestria uma aula se tornar encanto! Sendo aluna pude descrever por experiência sobre esta arte.

À minha linhagem de mulheres (e de homens também !), pelos quais eu pude chegar aqui!

E aos muitos e sempre cantadores, tocadores, compositores,enfim aos musicistas que fazem nossa alma viajar e nossos corpos expandirem em lindas vibrações! Agradecimentos especiais aos brasileiros William e Sami Bordokan pelo belíssimo trabalho de música oriental!
Milene Siqueira
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