31 julho, 2019

Ócio criativo e novos trabalhos


Duas entrevistas que valem muito assistir, deixando link abaixo, mas preferível ver via GloboPlay (free).

A entrevista do sociólogo Domenico de Masi sobre seu livro O Ócio Criativo no programa do Bial de 29/07/19, aqui.

E hoje 31/07/19, no Mais Você, o consultor e escritor Gustavo Cerbassi, falando sobre o minimalismo nas finanças, aqui.

Tá difícil ainda nos desgarrarmos do velho modelo. Talvez ainda vá mais uma geração para acontecer. O velho está aí, no poder, porque tantos ainda resistem! Mas tudo em nós aponta para o novo, como algo inexorável, como uma força maior. 

Porque a vida é feita nos intervalos da utilidade. Num abraço, num olhar, em uma contemplação. A vida não é sobre ter, é sobre Ser! 





*

26 julho, 2019

A raiz dos problemas mundiais


"O problema não é somente o aquecimento global, e sim a crença psicológica profunda que todo ser humano tem na sociedade moderna, que se baseia no valor de tudo aquilo que gera dinheiro. De que qualquer coisa que você faça, tem valor se produzir dinheiro. Então se uma guerra for boa para a economia, então se começa uma guerra, se for necessário matar pessoas, mata-se pessoas, se tiver que destruir a natureza, então se destrói a natureza. Este é o erro fundamental mais profundo sobre a noção de valor. Eu sinto que é um problema muito maior. E é claro, o aquecimento global é um dos problemas decorrentes desse erro, e toda a poluição do meio ambiente produzida pela sociedade industrial são resultado disso. Quando vim pela primeira vez aos Estados Unidos fiquei culturalmente chocado ao ver que em uma semana 30 pessoas meditando juntas produziam mais lixo que algumas centenas de monges não juntariam em um mês na Índia. É muito desperdício, é incrível.
Este é um momento para ação, mas não para ações ignorantes, confusas, com dúvidas, com ganância, que é o que está acontecendo constantemente. É isso que destrói a sociedade, que destrói a natureza. Assim, quando falamos sobre ações deveriam haver mais ações iluminadas, o que significa que é necessário que as pessoas saibam melhor quem elas são. Ter essa conexão com elas mesmas, com quem elas realmente são e a compreensão deste estado interno profundo, do silêncio interno e quem realmente são. Se houvesse mais essa conexão, muitas respostas seriam dadas para aquilo que buscam em suas vidas. E não precisariam mais substituir isso por petróleo, dinheiro, guerras, coisas. Serão através das experiências do despertar que elas encontrarão respostas dentro de si.
Claro que não acreditamos que é suficiente ficar em paz e não fazer nada. Acreditamos em ações pacíficas, guerreiros pacíficos, acreditamos na criatividade. Definitivamente, tudo isso é resultado desta quietude. Ações resultam desta quietude, palavras, resultam do silêncio absoluto, a criatividade resulta da abertura do espaço ilimitado da mente."

—Tenzin Wangyal Rinpoche, mestre da tradição Bön, em entrevista para Novas Imagens.
Foto: Rogelio Flores

09 julho, 2019

Solidão? Novas logísticas


Estava numa fase de observar a solidão e de encontrar várias pessoas com essa queixa.

E não falo da solidão que pode ser sentida mesmo estando com muitas pessoas, sentindo-se desconectado da vida, nem da boa solitude, mas dessa logística do viver do mundo atual que implica muitas vezes em estar fisicamente isolado. Ou seja, separações, filhos que crescem e deixam o ninho vazio, idosos onde quem morava junto falece, ou mesmo quem mora junto e se sente isolado da sua comunidade, dos vizinhos, etc.

E vi algo sobre coliving, cohousing, casa compartilhada... uma tendência expandindo em outros países nesta era do compartilhamento, mas muito tímida por aqui no Brasil ainda, e comecei a pesquisar e reuni aqui algumas informações!

Esse modo de viver significa apoio mútuo, convivência e privacidade. Além de economia, segurança, conforto e modos sustentáveis.

Já meio que vivemos assim, visto que boa parte de quem tem mais de 40 vai lembrar de morar em vilas e brincar na rua, na praça, de morar com toda família que era bem grande, com vô e vó, até mesmo com inquilinos. 
E talvez pelo mercado de consumo, talvez pelo ter, por uma individualidade, pelas migrações ou por um formato que ainda não fosse o ideal. Enfim, não sei onde e como isso mudou para o modo de vida que vemos hoje, sobretudo nos grandes centros e em classes sociais de média para cima.

O fato é que se pensarmos bem, não estamos aqui na vida para TER, para adquirir coisas, mas sim para experienciar, para nos relacionarmos com a vida, o que inclui os seres humanos, onde mais trocamos, expandindo outros olhares.  O trabalho fora de casa também propicia isso, mas também aniquila a vivência com a família visto a quantidade de horas fora de casa, incluindo-se o tempo de transporte. Ainda é preciso achar gestões mais humanas!

Casa grande: paradoxo é que muita gente que tem condições financeiras só quer uma casa grande para ter lugar para hospedar pessoas, fazer festa, convidar para o "churras". Afinal qual outro sentido - que não o status que cai por terra - de se morar em uma mansão? 

Uma coisa que afasta a ideia de viver em comunidade pode ser a "intromissão" do outro na nossa vida, ou de nós mesmos não tolerarmos a diferença com o outro, o quanto o limpo do outro é diferente do "meu", da "minha" cultura. Ou seja, muitos "meus" e "minhas" pelo caminho...  Mas vamos combinar que o autocentramento nunca foi sinônimo de felicidade.

Desafios da convivência necessitam de diálogo, de acordos, de comunicação não violenta, e olhar para os aspectos emocionais que mais nos pegam como ciúme, raiva, apego.
Para não entrar em contato com nada disso, talvez nos calamos, nos isolamos, nos mudamos para ter nossa pseudo "liberdade", e a intolerância que tanto reclamos no mundo e na rede social deve ter começado mesmo em nossos próprios lares.

Fato é que todos perdemos muito com isso, de bebês a idosos, e passando por cães e gatos, estamos nos isolando fisicamente. 

Viver em coliving, cohousing... ou seja, em casas e vilas compartilhadas é uma valiosa logística a se incluir no morar e no viver!


Para se inspirar:

-O doc Happy - por enquanto ainda disponível na Netflix traz muitos exemplos de felicidade compartilhada, e modos de cohousing na Dinamarca -  onde o movimento teve início.

-O filme E se vivêssemos todos juntos: https://www.youtube.com/watch?v=qoKg6f05fQA, trata da falta de apoio próximo na velhice, dois casais e um amigo que decidem morar numa só casa.

-Aqui no Brasil achei incrível o conceito da OKA: https://www.okacoliving.com.br/ - que é de Porto Alegre, mas já tem projeto de se estender por outras capitais.
Ricardo Neves da Oka:


-O site https://www.morar.com.vc/ - faz o trabalho de unir pessoas que desejam dividir o mesmo lar - por enquanto em SP e algumas cidades.

-O Co Lares: https://www.facebook.com/CohousingBrasil/ - como iniciativa de cohousing no Brasil pela arquiteta Lívia A. Lubochinski.

-Em São Paulo algumas imobiliárias já estão de olho nesta tendência e locando imóveis, caso da www.novasaopaulo.com.br. A kasa http://kasa.com.br/, também é uma nova referência em coliving.

-No YT digite coliving ou cohousing + TED, dois exemplos abaixo:






- Colivings como formas de hospedagem:




- O Norn é uma experiência em coliving, em convivência, em conversação bem interessante, bemmm chique e com lista de espera:



Outros:





*

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...