É verdade: o cérebro também come, necessitando de uma alimentação equilibrada para funcionar corretamente. Com os nutrientes certos, pensamos mais depressa, temos melhor memória e concentração.
Quem não se lembra do famoso - mas detestado - óleo de fígado de bacalhau? Era dado às crianças, primeiro sob a forma de líquido, mais tarde de cápsulas. O seu sabor amargo tornou-o impopular e ainda hoje falar nele dá origem a um esgar de rejeição. Porém, havia uma boa razão, uma ótima razão para infligir tal "tormento" aos menores: é que o óleo de fígado de bacalhau é rico em substâncias essenciais para o correto desenvolvimento do cérebro. É o caso dos ácidos graxos, mas também das vitaminas do complexo B.
Hoje em dia já ninguém o toma, mas o cérebro continua a necessitar de ser alimentado. É que aquilo que comemos afeta diretamente o desempenho cerebral: está provado que os nutrientes adequados estimulam a inteligência, melhoram o humor, favorecem a estabilidade emocional, aguçam a memória, fortalecem a concentração e aguçam o raciocínio. Além de que contribuem para manter a mente jovem.
Uma questão de química
Pensar é um processo químico. O cérebro é constituído por 100 mil milhões de células - os neurônios - que comunicam umas com as outras através de alguns milhares de passagens - as sinapses. De um neurônio para o outro, a informação é transmitida por mensageiros especiais - os neurotransmissores.
Estes mensageiros são constituídos por aminoácidos, substâncias existentes nas proteínas. Para que os aminoácidos sejam transformados em neurotransmissores são necessários sais minerais e vitaminas.
São três os principais mensageiros do cérebro humano: a acetilcolina, a dopamina e a serotonina.
A acetilcolina estimula os neurônios, estando associada à capacidade de memória, mas também está envolvida nos movimentos voluntários dos músculos e na inibição comportamental. Entre os alimentos que a fornecem incluem-se a gema do ovo, os amendoins, a carne, o peixe, o queijo e vegetais como os brócolis e a couve-flor.
Já a dopamina está relacionada com o movimento, a atenção e a aprendizagem, bem como com a excitação emocional. Encontra-se nos alimentos ricos em proteínas.
Quanto à serotonina, tem implicações no humor, nas sensações de prazer e felicidade, bem como no sono e no apetite.
Gorduras são essenciais
Mais de 60 por cento do cérebro é composto por gordura. As células são protegidas por uma espécie de película isolante - a mielina - constituída por 75 por cento de gordura. Além disso, as gorduras funcionam como mensageiros, regulando o sistema imunitário, a circulação sanguínea, os processos inflamatórios, a memória e o humor.
E de todas as gorduras os ácidos graxos ômega 3 são essenciais ao desempenho do cérebro. A sua falta pode abrir caminho a depressão, perda de memória, dificuldades de aprendizagem, hiperatividade com déficit de atenção e outras disfunções do foro mental.
Destes ácidos, o DHA é produzido pelo organismo, mas está igualmente presente no leite materno e no peixe gordo (salmão, sardinha, bacalhau, entre outros). Importante é também o ALA, que, não existindo naturalmente no organismo, deve ser obtido através dos alimentos, sobretudo dos óleos vegetais (de girassol ou de soja, por exemplo).
O desenvolvimento cognitivo beneficia-se também de sais minerais como o sódio, o potássio e o cálcio (que facilitam a transmissão de mensagens e o raciocínio) e ainda o magnésio e o manganésio (que dão energia ao cérebro). O selênio e o zinco são também úteis, pois possuem efeito antioxidante, o mesmo acontecendo com as vitaminas A, C e E: são todos nutrientes que ajudam a prevenir o envelhecimento celular e contribuem para a vascularização do sistema nervoso.
Entre as vitaminas as do complexo B (sobretudo o ácido fólico), melhoram a comunicação entre as células e a performance cognitiva.
A saúde cerebral passa também pelo consumo de proteínas e hidratos de carbono. As proteínas são os nutrientes construtores, entrando na constituição de nervos, tecidos e órgãos, incluindo o coração e o cérebro.
São, além disso, usadas para fabricar os neurotransmissores, influenciando o desempenho mental. Já os hidratos de carbono interagem com a serotonina, com os seus efeitos a refletirem-se positivamente no humor e bem-estar. Frutas, vegetais e cereais são as melhores fontes deste nutriente.
Água e oxigênio também
É a água, enquanto principal constituinte do sangue (mais de 80 por cento), que transporta os nutrientes aos tecidos e elimina as toxinas do organismo. E, como qualquer outro órgão, o cérebro precisa ser hidratado para que todo o circuito de comunicação funcione adequadamente. Do grau de hidratação cerebral depende, por exemplo, o nível de alerta mental e concentração. Mais uma boa razão para beber os recomendados dois litros (oito copos) por dia.
Vital para as funções cognitivas é também o oxigênio. É a sua "fuga" do cérebro para o estômago que explica que nos sintamos moles após uma refeição mais abundante: nessa altura em que boa parte da circulação corporal é chamada a intervir na digestão, o normal é que a capacidade de alerta diminua.
Daí a recomendação de fazer pequenas refeições e de não transformar o jantar na principal refeição do dia.
Em tempo de exames
Uma alimentação equilibrada é essencial em todas as idades. Não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental e o desenvolvimento cognitivo. Memória, raciocínio e concentração são capacidades que beneficiam da ingestão dos nutrientes corretos.
Uma regra a ter em conta todo o ano, mas muito particularmente agora que se aproxima a época de exames: os estudantes são sujeitos a um esforço mental superior, pelo que, mais do que nunca, devem alimentar-se corretamente.
Ácidos graxos, vitaminas e sais minerais constituem um trio de ouro, complementado com as proteínas e os hidratos de carbono mais saudáveis.
E sem esquecer a água. O exercício também é importante para oxigenar o cérebro. Tal como dormir o suficiente.
Fonte : médicos de Portugal
29 julho, 2009
24 julho, 2009
Reverenciando Formas de Vida
"Aproxima-vos reverentemente de todas as formas de vida. Na mais insignificante delas está escondida a chave da mais significativa.
Todas as formas de vida são significativas - sim, maravilhosas, transcedentais e inimitáveis. A vida não se ocupa de ninharias inúteis." - O Livro de Mirdad
Todas as formas de vida são significativas - sim, maravilhosas, transcedentais e inimitáveis. A vida não se ocupa de ninharias inúteis." - O Livro de Mirdad
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22 julho, 2009
Mais Kontos ...
E tinha anjo - com direito a louro, negro e japonês !
Gnomos... os "Frugos"
Teve Moranguinho e Uvinha...
Bonequinhas de banho tomado... muitas !
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Mi
06 julho, 2009
Respeito à vida
"Não comer carne é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." (Pierre Weil, psicólogo)
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03 julho, 2009
Por que a correria humana ?
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Aromas
26 junho, 2009
Festas Instantâneas - Casa da Chris
A dica é visitar o Blog da Casa da Chris (vejam em Links Interessantes) ou por http://casadachris.uol.com.br/ e ver os vídeos fofézimos de dicas do Almanaque das Festas Instantâneas !! Aproveitem e se inspirem para reunir os amigos, e se bebidas e comidinhas puderem ser naturebas e com os temperinhos mágicos da mãe natureza, a vida agradece !!
Bacana assistir por lá também ao vídeo da Casa Cor 2009.
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21 junho, 2009
Obstáculos - por que aparecem ?
Quando Decidimos Por Algo Necessariamente Aparecem Obstáculos
Repare que sempre que você se decide por algo um obstáculo se levanta. A resposta é que, na ausência do que você não é, o que você é não é. Esta frase aparece em mais de um livro do Neale Donald Walsch e sobre ela poderiam ser escritos vários artigos. Eu a repito agora no plural: na ausência do que não somos, o que somos não é.
Se você é alto, na ausência de pessoas baixas você não é alto. Se você é inteligente, na ausência de pessoas burras você não é inteligente. Você somente pode ser algo se houver o oposto para dar relatividade à situação. O ser sem oposição é o absoluto, ou seja, Deus.
Só se pode ter a ideia de bondade num mundo onde haja a maldade. A maldade dá existência à bondade. Quando você decide por ser algo é o obstáculo que dá existência a esse algo. Como você pode ser rico numa sociedade igualitária? O obstáculo vem como contraponto ao que realmente você quer. Uma pessoa só vai saber se quer verdadeiramente ser rica se um obstáculo se interpuser entre ela e a riqueza. A pessoa que não é energeticamente rica se rende ao obstáculo e a riqueza não se manifesta.
Você é o que valoriza, se você valorizar o obstáculo é ele que passa a ser você, se valorizamos a riqueza e não o obstáculo, a riqueza que passa a ser nossa. O obstáculo existe por dois motivos. Termos o parâmetro de escolha se queremos aquilo mesmo e dar validade a nossas escolhas.
Uma vida sem desafios é uma vida vazia. Nem todos concordaram com Gandhi e por isso ele foi assassinado. Nem todos concordaram com Jesus e daí a Crucificação. Quando todo mundo concorda com você veja que vai passar a viver num mundo irreal, sem diferenças e sem desafios. Todas as tentativas de planificar a economia fracassarão por isso, nenhum ser humano é igual, e quando se tira das pessoas os desafios elas morrem, ou andam pela vida sem objetivos, mortos internamente.
Agradeça todos os seus obstáculos por mais difíceis que sejam, são eles que verdadeiramente validam nossas vitórias.
por Marcelo Marinho
__

Se você é alto, na ausência de pessoas baixas você não é alto. Se você é inteligente, na ausência de pessoas burras você não é inteligente. Você somente pode ser algo se houver o oposto para dar relatividade à situação. O ser sem oposição é o absoluto, ou seja, Deus.
Só se pode ter a ideia de bondade num mundo onde haja a maldade. A maldade dá existência à bondade. Quando você decide por ser algo é o obstáculo que dá existência a esse algo. Como você pode ser rico numa sociedade igualitária? O obstáculo vem como contraponto ao que realmente você quer. Uma pessoa só vai saber se quer verdadeiramente ser rica se um obstáculo se interpuser entre ela e a riqueza. A pessoa que não é energeticamente rica se rende ao obstáculo e a riqueza não se manifesta.
Você é o que valoriza, se você valorizar o obstáculo é ele que passa a ser você, se valorizamos a riqueza e não o obstáculo, a riqueza que passa a ser nossa. O obstáculo existe por dois motivos. Termos o parâmetro de escolha se queremos aquilo mesmo e dar validade a nossas escolhas.
Uma vida sem desafios é uma vida vazia. Nem todos concordaram com Gandhi e por isso ele foi assassinado. Nem todos concordaram com Jesus e daí a Crucificação. Quando todo mundo concorda com você veja que vai passar a viver num mundo irreal, sem diferenças e sem desafios. Todas as tentativas de planificar a economia fracassarão por isso, nenhum ser humano é igual, e quando se tira das pessoas os desafios elas morrem, ou andam pela vida sem objetivos, mortos internamente.
Agradeça todos os seus obstáculos por mais difíceis que sejam, são eles que verdadeiramente validam nossas vitórias.
por Marcelo Marinho
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03 junho, 2009
Palestra do "Achado", Açúde...

Que frio !! Muito, muito frio !!!
Queria escrever, mas esse vento gelado entrando pelo friso da porta, me propõe que a vontade seja reduzida...
Então, acho que devo ser breve.........
Queria mencionar que fui há 2 semanas em uma palestra - na verdade a palestra em si não me trouxe novidades ou tenha me entusiasmado, mas teve um momento em que algo chamou minha atenção, para sobre meu pensamento. Ele fez algumas perguntas para que cada um respondesse a si, anotando em um papel e tb fez outras para serem ditas ali para todos. No que ele perguntou para mencionar ao papel, eu tinha pouco a colocar sobre intenções futuras, me veio à mente a sensação de que fazendo bem o agora, estou naturalmente tecendo meu futuro... td tranquilo.
Depois ele perguntou a algumas pessoas o que era a felicidade, uma disse que era a harmonia, outra a paz, e outra..... disse que era a busca, que era uma sensação parecida com viajar..., quando estamos planejando a viajem e nos sentindo felizes. Aí eu pensei : sei o que é a felicidade para mim, ela não é a busca e sim o encontro ! Sim, o encontro ! Não o encontro penoso e demorado, planejado, também pode ser, mas é o encontro, o significado íntimo de encontro, de estar pleno, de encontrar a maravilha de cada momento, seja no olhar da minha cachorra, no vento que toca agora minha pele e a sinto geladinha, seja neste teclado que aqui estou, esse encontrar. Mais significativo ainda quando encontramos alguém com uma alma danada de boa de se estar perto. De saciar a sede, a fome, esses encontros esperados !!
A felicidade para mim então... está definitivamente no: Encontro ! No simples, no nobre, no profano, no sagrado, desejado, achado ! Qualquer momento podemos atribuir valor !
...
Eu já comentei em postagens anteriores sobre o açúde em frente a casa da minha vó e minha "luta" com seus passarinhos engaiolados, estive lá nesse fim de semana, e eu me joguei como sempre lá no tapetinho verde do lado do açúde, meu Deus... que cheiro delicioso de açude era aquele, que cheiro inebriante de grama.... , que textura de terra que ondulava meu corpo...e de quebra um sol quentinho.... meu Deus... que tudo !!
Segue aqui uma foto desse açude lá no alto. O "meu" tapetinho verde , fica do outro lado, a folha de babaneira escondeu !!
Ai... por hj é isso, que meus dedinhos estão congelandinhos !
Vou ver se consigo tempo de postar dicas Aromaterápicas para o dia dos namorados !! Se não fica pra 2010 !!!!
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Mi
14 maio, 2009
Fechando a porta dos sentidos
"Fecho agora a porta dos sentidos; retiro toda a atenção do mundo. Viro-me para dentro, para o Único, o Belo e o Bom; aqui, habito com meu Pai, além do tempo e espaço; aqui, vivo à sombra do Todo-Poderoso. Estou livre de todo medo, do veredito do mundo e da aparência das coisas.
Sinto agora a sua Presença, que é o meu sentimento da prece atendida ou a presença do meu Bem."
Joseph Murphy
Sinto agora a sua Presença, que é o meu sentimento da prece atendida ou a presença do meu Bem."
Joseph Murphy
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05 maio, 2009
Nossa histeria de cada dia !
Folha de São Paulo - 05/05/2009*JOÃO PEREIRA COUTINHO
O triunfo dos porcos<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0505200922.htm>*
Fantasiamos há muito tempo a nossa própria destruição coletiva; nossa histeria é incurável.
DESISTI DE fazer terapia no dia em que comecei a sentir-me culpado por não me sentir culpado. O analista esperava confissões pungentes sobre horrores vários e infantis. Nada tinha para lhe dizer. E essa ausência de esqueletos no armário começou a alimentar uma angústia sem nome. Eu era um caso dramático de ansiedade por falta de ansiedade. Ainda sou. E assim se entende o meu estado de espírito sempre que o ano avança e não existe nenhum apocalipse pronto para exterminar a raça humana.
Os meses passavam: janeiro, fevereiro, março. E as autoridades mundiais não lançavam gritos lancinantes sobre uma doença, uma anomalia técnica, um vírus descontrolado e mortal. Nem sequer um espirro! Sei do que falo. Vocês, leitores, também. Nos últimos dez, 15 anos, praticamente não tivemos sossego.
Basta consultar "Scared to Death", um livro notável que ChristopherBooker e Richard North publicaram recentemente no Reino Unido. Antes mesmo do século 21 começar, os perigos estavam nas vacas e na carne delas. A doença tinha nome divertido ("doença da vaca louca") e consequências menos divertidas: uma doença neurológica degenerativa e incurável que prometia condenar meio milhão de seres humanos a uma morte precoce e terrível.
Lembro-me bem: imagens de vacas trémulas, a dançar o twist; a matança de milhares delas, com ou sem sintomas; e os criadores de gado arruinados. Muitos optaram pelo suicídio. Pobrezinhos. Ainda hoje está por provar que a encefalopatia espongiforme bovina seja a causa da doença de Creutzfeldt-Jacob nos seres humanos.Veio o milênio. E, com o milênio, vieram novos perigos. Não de origem animal. Mas humana. Ou, se preferirem, tecnológica.
Na virada de 1999 para 2000, um "bug" informático iria paralisar as cidades, os transportes, o sistema bancário e financeiro. Aviões cairiam do céu. Milhões de doentes não resistiriam à paragem das máquinas. Os países mais desenvolvidos gastaram US$ 300 bilhões de dólares (estimativa conservadora) para evitarem o colapso. Quando a meia-noite soou, o mundo, inexplicavelmente, continuou. Suspirou-se de alívio. Ou de desilusão?
Os suspiros duraram pouco tempo. Se a humanidade resistira ao "bug" informático, não iria sobreviver à "gripe das aves". A Organização Mundial de Saúde garantia que 7 milhões de pessoas estavam condenadas. As Nações Unidas, não contentes com 7 milhões, falavam já em 150 milhões. Especialistas vários preferiam dizer 350 milhões.
Moral da história?Morreram 200 pessoas, sobretudo na Ásia rural, onde a pobreza e a desnutrição não ajudam. Morreram incomparavelmente menos pessoas do que as vítimas normais que a gripe normal provoca todos os anos, em todos os países do mundo.
Eis a verdade: andamos há muito tempo a fantasiar a nossa própria destruição coletiva. São as vacas. As aves. O "bug" informático. A pneumonia atípica. A catástrofe ecológica e climatérica que nos espera. Ou, para sermos mais atuais, uma gripe de origem suína e mexicana que, nas palavras de Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, coloca toda a humanidade em risco.
Que essa "gripe suína" esteja sobretudo confinada ao México, pouco importa. Que as vítimas do México sejam praticamente insignificantes quando comparadas com as vítimas regulares de gripe regular, também não. E que os infectados fora do México estejam a responder aos medicamentos disponíveis, muito menos. A realidade dos fatos não altera a nossa histeria. E não altera porque a nossa histeria é profunda e incurável.
Hoje, vivemos mais. Hoje, vivemos melhor. Mas apesar disso, ou sobretudo por causa disso, entramos em pânico sempre que a morte, ou mesmo a mera possibilidade da morte, ameaça o nosso único deus: o corpo, o nosso corpo, e a "Religião da Saúde" que substituiu todas as outras teologias tradicionais. Tememos a nossa destruição física.
Mas, como em qualquer temor, recriamos e até desejamos essa mesma destruição, como se isso redimisse a radical solidão dos homens de hoje. Tão modernos que somos. E tão entediados que nos sentimos. Um conselho: nada nesta vida se faz sem perseverança. Quem sabe? Se desejarmos muito que algo aconteça, talvez um dia alguém lá cima se lembre de responder às nossas preces. mailto:preces.*jpcoutinho@folha.com.br*
O triunfo dos porcos<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0505200922.htm>*
Fantasiamos há muito tempo a nossa própria destruição coletiva; nossa histeria é incurável.
DESISTI DE fazer terapia no dia em que comecei a sentir-me culpado por não me sentir culpado. O analista esperava confissões pungentes sobre horrores vários e infantis. Nada tinha para lhe dizer. E essa ausência de esqueletos no armário começou a alimentar uma angústia sem nome. Eu era um caso dramático de ansiedade por falta de ansiedade. Ainda sou. E assim se entende o meu estado de espírito sempre que o ano avança e não existe nenhum apocalipse pronto para exterminar a raça humana.
Os meses passavam: janeiro, fevereiro, março. E as autoridades mundiais não lançavam gritos lancinantes sobre uma doença, uma anomalia técnica, um vírus descontrolado e mortal. Nem sequer um espirro! Sei do que falo. Vocês, leitores, também. Nos últimos dez, 15 anos, praticamente não tivemos sossego.
Basta consultar "Scared to Death", um livro notável que ChristopherBooker e Richard North publicaram recentemente no Reino Unido. Antes mesmo do século 21 começar, os perigos estavam nas vacas e na carne delas. A doença tinha nome divertido ("doença da vaca louca") e consequências menos divertidas: uma doença neurológica degenerativa e incurável que prometia condenar meio milhão de seres humanos a uma morte precoce e terrível.
Lembro-me bem: imagens de vacas trémulas, a dançar o twist; a matança de milhares delas, com ou sem sintomas; e os criadores de gado arruinados. Muitos optaram pelo suicídio. Pobrezinhos. Ainda hoje está por provar que a encefalopatia espongiforme bovina seja a causa da doença de Creutzfeldt-Jacob nos seres humanos.Veio o milênio. E, com o milênio, vieram novos perigos. Não de origem animal. Mas humana. Ou, se preferirem, tecnológica.
Na virada de 1999 para 2000, um "bug" informático iria paralisar as cidades, os transportes, o sistema bancário e financeiro. Aviões cairiam do céu. Milhões de doentes não resistiriam à paragem das máquinas. Os países mais desenvolvidos gastaram US$ 300 bilhões de dólares (estimativa conservadora) para evitarem o colapso. Quando a meia-noite soou, o mundo, inexplicavelmente, continuou. Suspirou-se de alívio. Ou de desilusão?
Os suspiros duraram pouco tempo. Se a humanidade resistira ao "bug" informático, não iria sobreviver à "gripe das aves". A Organização Mundial de Saúde garantia que 7 milhões de pessoas estavam condenadas. As Nações Unidas, não contentes com 7 milhões, falavam já em 150 milhões. Especialistas vários preferiam dizer 350 milhões.
Moral da história?Morreram 200 pessoas, sobretudo na Ásia rural, onde a pobreza e a desnutrição não ajudam. Morreram incomparavelmente menos pessoas do que as vítimas normais que a gripe normal provoca todos os anos, em todos os países do mundo.
Eis a verdade: andamos há muito tempo a fantasiar a nossa própria destruição coletiva. São as vacas. As aves. O "bug" informático. A pneumonia atípica. A catástrofe ecológica e climatérica que nos espera. Ou, para sermos mais atuais, uma gripe de origem suína e mexicana que, nas palavras de Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, coloca toda a humanidade em risco.
Que essa "gripe suína" esteja sobretudo confinada ao México, pouco importa. Que as vítimas do México sejam praticamente insignificantes quando comparadas com as vítimas regulares de gripe regular, também não. E que os infectados fora do México estejam a responder aos medicamentos disponíveis, muito menos. A realidade dos fatos não altera a nossa histeria. E não altera porque a nossa histeria é profunda e incurável.
Hoje, vivemos mais. Hoje, vivemos melhor. Mas apesar disso, ou sobretudo por causa disso, entramos em pânico sempre que a morte, ou mesmo a mera possibilidade da morte, ameaça o nosso único deus: o corpo, o nosso corpo, e a "Religião da Saúde" que substituiu todas as outras teologias tradicionais. Tememos a nossa destruição física.
Mas, como em qualquer temor, recriamos e até desejamos essa mesma destruição, como se isso redimisse a radical solidão dos homens de hoje. Tão modernos que somos. E tão entediados que nos sentimos. Um conselho: nada nesta vida se faz sem perseverança. Quem sabe? Se desejarmos muito que algo aconteça, talvez um dia alguém lá cima se lembre de responder às nossas preces. mailto:preces.*jpcoutinho@folha.com.br*
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04 maio, 2009
A Calma
Semana passada, coloquei o A Calma disponível para venda na Loja Virtual. O A Calma, poderia ter outros nomes como Abraço, Acalanto, Conforto..., pois essas são as sensações que ele me passa, mas escolhi Calma, e um A na frente, para citar que ele é essa Calma toda...
Eu o uso há uns 8 meses, desde que formulei ele para uso. E fica sempre lá, ao lado da minha cama.
Todos nós passamos por dias mais agitados, algum stress, pensamentos insistentes, pitadas de insônia, euforia, e o A Calma vem ajudar nesse momento. Passo nos pontos como pulsos, nuca e centro cardíaco, passa-se alguns segundos e pronto me sinto abraçada ! Nos pés também é excelente ! Antes de disponibilizar na Loja testei com outras pessoas se a sensação sentida era a mesma, e que legal - todos relataram a sensação de conforto, e de poder ter um sono de mais qualidade.
Agora ele está disponível para que você também tenha essa sensação, e me conte como foi !
Também é ótimo para a pele irritada, alergias, dores musculares, o que faz dele um curinga em casa !
Saiba mais no site : http://www.aromarte.com.br/ !
E qualquer dúvida, me escreva : milene@aromarte.com.br
Eu o uso há uns 8 meses, desde que formulei ele para uso. E fica sempre lá, ao lado da minha cama.
Todos nós passamos por dias mais agitados, algum stress, pensamentos insistentes, pitadas de insônia, euforia, e o A Calma vem ajudar nesse momento. Passo nos pontos como pulsos, nuca e centro cardíaco, passa-se alguns segundos e pronto me sinto abraçada ! Nos pés também é excelente ! Antes de disponibilizar na Loja testei com outras pessoas se a sensação sentida era a mesma, e que legal - todos relataram a sensação de conforto, e de poder ter um sono de mais qualidade.
Agora ele está disponível para que você também tenha essa sensação, e me conte como foi !
Também é ótimo para a pele irritada, alergias, dores musculares, o que faz dele um curinga em casa !
Saiba mais no site : http://www.aromarte.com.br/ !
E qualquer dúvida, me escreva : milene@aromarte.com.br
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19 abril, 2009
Um bom psicoterapeuta - por Flávio Gikovate
Nas revistas de psiquiatria surgem periodicamente estudos completos (meta-análises) de revisão de eficácia dos diversos tipos de psicoterapia. Os resultados são, quase sempre, similares - hoje com certa vantagem para as técnicas cognitivo-comportam entais especialmente nos casos específicos onde o medo ou a ansiedade está em jogo. Além de resultados bastante semelhantes, lembro-me de um estudo que li há cerca de 30 anos (cuja referência me escapa) que mostrava que ao invés de seguidores de uma das diversas técnicas os terapeutas podiam ser classificados em "bons" e "maus". E mais, que os bons terapeutas trabalhavam, na prática, de modo muito similar independentemente da corrente teórica à qual se filiavam. Ou seja, na realidade, eram terapeutas ecléticos, que atuavam de acordo com procedimentos que transbordavam os limites das doutrinas nas quais haviam sido formados.
Fiquei profundamente impressionado por esse estudo, que era norte-americano, onde a prática parecia ser mais importante que a teoria. Talvez seja pretensão, mas o que gostaria de descrever aqui são as propriedades que considero fundamentais para aqueles que quiserem ser parte do grupo dos bons terapeutas. E a primeira deriva do que já foi escrito: que a vontade de ajudar o paciente, de entender o que se passa com ele seja maior do que o desejo de encaixá-lo dentro das normas de qualquer teoria.
Esse desejo de entender e de verdadeiramente se entender com o outro é o elemento essencial daquilo que se chama de empatia. Não se trata de processo fácil e não é, para a maioria de nós, um fenômeno espontâneo. Trata-se inicialmente de compreendermos a dificuldade que existe na comunicação entre os humanos, mesmo entre aqueles que falam a mesma língua e cresceram numa mesma cultura. Cada "software" é único, já que a partir dos 2-3 anos de idade cada um começa a correlacionar as informações que recolheu por meio das palavras, sendo que esse processo se torna cada vez mais complexo e ímpar, pois o modo como se arranjam os pensamentos não é igual nem mesmo nos gêmeos univitelinos - cujas diferenças, tanto em temperamento quanto em relação a condutas patológicas, têm sido registradas com frequência crescente nas publicações técnicas. Assim, cada um de nós é uma espécie de ilha isolada e a consciência desse caráter único nos dá a idéia de como é difícil tentarmos penetrar na alma do outro. Cada um de nós, por sermos únicos, estamos condenados, no essencial, a uma "radical solidão" (Ortega y Gasset).
A consciência dessa dificuldade na comunicação entre nós e nossos pacientes não deve estar a serviço de desanimarmos. Deve nos alertar para o fato de que empatia não implica em nos colocarmos no lugar do outro levando nossa alma para o corpo dele. Temos que tentar entender como funciona a alma do outro. Temos, como "hackers", que entrar no "software" do paciente para entender como ele opera para melhor detectar deficiências e falhas no sistema dele. Depois temos que "sair de dentro dele" e, de fora, tratar de contar a ele o que é que vimos enquanto estivemos "nele". A verdadeira empatia se baseia na aceitação das diferenças e na tentativa de superação das dificuldades de entendimento entre diferentes.
O que acontece quando conseguimos êxito nesse tipo de procedimento é que o paciente se sente aconchegado, entendido. Se sente menos sozinho! Já estamos diante de uma relação especial que, bem usada, poderá ter grande eficácia terapêutica. Aliás, esse mesmo trabalho cuja referência perdi falava muito da importância dos "fatores inespecíficos" na eficácia das psicoterapias. Os fatores específicos seriam aqueles derivados da teoria e técnica particular que porventura esteja sendo praticada. Os fatores inespecíficos dependem mais que tudo da postura empática do terapeuta e de outras peculiaridades próprias de sua personalidade. Tudo leva a crer que os fatores inespecíficos estão longe de serem irrelevantes quando se trata de avaliar resultados. Assim, além de se familiarizar com uma determinada teoria psicológica - que idealmente deverá ser eclética e aberta a todo o tipo de inovações - e de conhecer procedimentos psicoterapeuticos específicos, o bom terapeuta tem que se preocupar consigo mesmo, com sua evolução como pessoa, com o seu papel, com o que ele vai representar para seus pacientes.
Em verdade estou me referindo a duas questões diferentes: a do chamado "efeito placebo" e a das propriedades psicológicas do bom terapeuta. Algumas breves palavras a respeito do efeito placebo são indispensáveis, uma vez que a atitude positiva do paciente diante da eficácia de qualquer tipo de medicação, fármaco ou qualquer outro tipo de tratamento, parece aumentar muito a eficácia do dado tratamento. Lembro-me, há 30 anos atrás, de um cardiologista querido - falecido precocemente - que veio me contar, impressionado, como o propanolol parecia muito mais eficaz quando ministrado por ele do que por seus colegas que não eram tão entusiastas em relação ao terapêutico dos chamados beta bloqueadores que estavam nascendo por aqueles anos. Era como se fossem dois remédios diferentes, dizia ele: o que ele administrava parecia de melhor qualidade do que o de seus colegas!
Os estudos a respeito de hipnóticos exigem, mais que tudo, controles sofisticados com drogas neutras - os placebos - uma vez que um terço dos pacientes adormecem com pílulas de talco enquanto que o melhor dos hipnóticos adormece dois terços dos insones. Há tendências nos USA de iniciar todo o tipo de tratamento farmacológico para insônia com placebo, uma vez que se resolveria uma boa parte dos casos sem necessidade de medicação eficaz.
Ora, se isso é válido para a medicina em geral, que dizer de sua eficácia nos tratamentos essencialmente psicológicos? É possível que todos os tipos de terapias alternativas, sem base teórica alguma, tenham sua eficácia apenas fundada no otimismo e nas belas palavras proferidas por quem ministra tal tipo de "tratamento". É provável também que o efeito placebo não tenha eficácia no longo prazo e jamais deveria ser visto como procedimento terapêutico por si. Porém, serve muito bem para o início de um relacionamento psicológico, para que se estabeleça um bom clima, um clima de confiança e otimismo que, sem dúvida alguma, aumenta muito as chances de se chegar a um bom resultado, especialmente quando a esse efeito se associa um procedimento terapêutico efetivo e eficaz.
O preparo intelectual e emocional do psicoterapeuta me parece cada vez mais fundamental. Não que eu seja favorável a procedimentos obrigatórios como o da "análise didática" imposta pelas sociedades de psicanálise; mas a realidade é que um bom terapeuta é portador de determinadas propriedades que deveriam ser a meta daqueles que se dedicam a esse ofício. Acho complicado um indivíduo muito pouco consciente de suas peculiaridades emocionais ser um bom terapeuta. Acho improvável que um drogado seja bom terapeuta, assim como um obsessivo-compulsiv o ou um portador de distúrbios da personalidade e precária formação moral. A confiança que um paciente tem que desenvolver em relação ao terapeuta para se sentir à vontade e confidenciar emoções e vivências desagradáveis não são compatíveis com tais características. O bom terapeuta tem que ser pessoa sincera; e espontânea. Tem que se comportar como é. Ou seja, não existe um tipo de terapeuta, um modo de ser terapeuta. O bom terapeuta é aquele que é ele mesmo!Acontece que para uma pessoa poder ser ela mesma tem que estar razoavelmente bem em sua própria pele. Isso não se consegue por decreto. Depende do indivíduo estar em conformidade com seus próprios valores. Ou seja, o terapeuta com boa auto-estima tem que ter, antes de tudo, um conjunto de valores aos quais se refere. Depois, tem que agir e viver em concordância com esses mesmos valores. Creio que esses são os ingredientes fundamentais do que se pode chamar de maturidade emocional e moral, condição indispensável para que o terapeuta não se perca em nenhuma das situações complexas e, por vezes, constrangedoras que envolvem o trato com pessoas nem sempre tão bem consigo mesmas e muito menos em paz com seus companheiros, inclusive com quem está tentando ajudá-lo.
O processo da empatia e eventuais outros mecanismos psíquicos que chamamos de intuitivos deverão, ao menos idealmente, se transformar em fórmulas racionais na alma do terapeuta. Isso para que ele esteja em ótimas condições de dar o melhor encaminhamento a cada situação. Não se trata de possuir fórmulas prontas. Tudo tem que ser resolvido ali e agora também pelo terapeuta. É preciso ousadia. É preciso que não se tenha medo de errar. É claro que ninguém procura o erro e nem se alegra com ele. Acontece que muitas vezes o erro é muito eficiente para o processo terapêutico: falo algo ao meu paciente que o deixa inquieto e insatisfeito - se falei aquilo é porque achei que estava ajudando e dando o encaminhamento adequado à situação; na consulta seguinte ele volta dizendo que não passou bem e começa de novo a relatar a situação que deu origem à minha má interpretação. Na própria forma de recontar sua história o paciente irá me dar a indicação de onde errei, de modo que poderei retomar uma rota adequada e produtiva, o que será imediatamente reconhecida por ele como tal, já que provocará sensação de alívio e bem estar. O paciente não se incomoda com nosso erro a menos que queiramos defendê-lo até à morte, tratando sua discordância como "resistência", o que, na maioria das vezes, é absurdo e óbvia manifestação de prepotência do profissional.
O bom terapeuta é pessoa serena, amadurecida emocional e moralmente, o que significa na prática que tolera bem frustrações e dores, que tem controle sobre suas emoções, especialmente as de natureza agressiva, que é capaz de ousar, errar, reconhecer o erro e aprender com ele, que tem princípios éticos e vive de acordo com eles. Sendo assim, passará a sensação de ser pessoa confiável, elemento indispensável para o bom andamento de uma relação assim íntima e complexa como é a relação terapêutica. Todo aquele que pretenda se aprimorar como psicoterapeuta terá que ter como meta seu próprio desenvolvimento emocional. Costumo dizer que eu sou o meu cliente favorito!
Sempre é bom lembrar que um bom terapeuta é pessoa séria e estudiosa, preocupado em expandir sua formação intelectual, sua base teórica. Terá que ser portador de um cérebro "poroso", o que significa uma capacidade permanente de reciclagem de estar sempre disposto a mudar de idéia se novos fatos - ou mesmo novas idéias - parecerem interessantes e eficientes. Não deve ser um mestre e sim um aprendiz. Deve colocar-se diante de cada paciente como se pudesse esquecer tudo o que sabe de psicologia e estivesse ali para aprender. É o oposto do que fazem quase todos, ou seja, tratar de rapidamente enquadrar o paciente em um dos seus rótulos e compartimentos. O bom terapeuta é bom ouvinte e está permanentemente aprendendo com todos aqueles com quem conversa. Essa é a razão pela qual a profissão pode ser fascinante por longo prazo. Muitas vezes me perguntaram como é que eu agüento trabalhar tantas horas e por tantos anos. Não estaria eu enjoado de ouvir sempre as mesmas histórias? Claro que não, porque minha postura é a da permanente renovação. Não estou atrás do que aquela dada história tem em comum com tantas outras que já ouvi. Estou atrás do que ela tem de original, de própria, de única. E sempre é possível encontrar algo de novo e fascinante mesmo no mais comum dos relatos.
Fiquei profundamente impressionado por esse estudo, que era norte-americano, onde a prática parecia ser mais importante que a teoria. Talvez seja pretensão, mas o que gostaria de descrever aqui são as propriedades que considero fundamentais para aqueles que quiserem ser parte do grupo dos bons terapeutas. E a primeira deriva do que já foi escrito: que a vontade de ajudar o paciente, de entender o que se passa com ele seja maior do que o desejo de encaixá-lo dentro das normas de qualquer teoria.
Esse desejo de entender e de verdadeiramente se entender com o outro é o elemento essencial daquilo que se chama de empatia. Não se trata de processo fácil e não é, para a maioria de nós, um fenômeno espontâneo. Trata-se inicialmente de compreendermos a dificuldade que existe na comunicação entre os humanos, mesmo entre aqueles que falam a mesma língua e cresceram numa mesma cultura. Cada "software" é único, já que a partir dos 2-3 anos de idade cada um começa a correlacionar as informações que recolheu por meio das palavras, sendo que esse processo se torna cada vez mais complexo e ímpar, pois o modo como se arranjam os pensamentos não é igual nem mesmo nos gêmeos univitelinos - cujas diferenças, tanto em temperamento quanto em relação a condutas patológicas, têm sido registradas com frequência crescente nas publicações técnicas. Assim, cada um de nós é uma espécie de ilha isolada e a consciência desse caráter único nos dá a idéia de como é difícil tentarmos penetrar na alma do outro. Cada um de nós, por sermos únicos, estamos condenados, no essencial, a uma "radical solidão" (Ortega y Gasset).
A consciência dessa dificuldade na comunicação entre nós e nossos pacientes não deve estar a serviço de desanimarmos. Deve nos alertar para o fato de que empatia não implica em nos colocarmos no lugar do outro levando nossa alma para o corpo dele. Temos que tentar entender como funciona a alma do outro. Temos, como "hackers", que entrar no "software" do paciente para entender como ele opera para melhor detectar deficiências e falhas no sistema dele. Depois temos que "sair de dentro dele" e, de fora, tratar de contar a ele o que é que vimos enquanto estivemos "nele". A verdadeira empatia se baseia na aceitação das diferenças e na tentativa de superação das dificuldades de entendimento entre diferentes.
O que acontece quando conseguimos êxito nesse tipo de procedimento é que o paciente se sente aconchegado, entendido. Se sente menos sozinho! Já estamos diante de uma relação especial que, bem usada, poderá ter grande eficácia terapêutica. Aliás, esse mesmo trabalho cuja referência perdi falava muito da importância dos "fatores inespecíficos" na eficácia das psicoterapias. Os fatores específicos seriam aqueles derivados da teoria e técnica particular que porventura esteja sendo praticada. Os fatores inespecíficos dependem mais que tudo da postura empática do terapeuta e de outras peculiaridades próprias de sua personalidade. Tudo leva a crer que os fatores inespecíficos estão longe de serem irrelevantes quando se trata de avaliar resultados. Assim, além de se familiarizar com uma determinada teoria psicológica - que idealmente deverá ser eclética e aberta a todo o tipo de inovações - e de conhecer procedimentos psicoterapeuticos específicos, o bom terapeuta tem que se preocupar consigo mesmo, com sua evolução como pessoa, com o seu papel, com o que ele vai representar para seus pacientes.
Em verdade estou me referindo a duas questões diferentes: a do chamado "efeito placebo" e a das propriedades psicológicas do bom terapeuta. Algumas breves palavras a respeito do efeito placebo são indispensáveis, uma vez que a atitude positiva do paciente diante da eficácia de qualquer tipo de medicação, fármaco ou qualquer outro tipo de tratamento, parece aumentar muito a eficácia do dado tratamento. Lembro-me, há 30 anos atrás, de um cardiologista querido - falecido precocemente - que veio me contar, impressionado, como o propanolol parecia muito mais eficaz quando ministrado por ele do que por seus colegas que não eram tão entusiastas em relação ao terapêutico dos chamados beta bloqueadores que estavam nascendo por aqueles anos. Era como se fossem dois remédios diferentes, dizia ele: o que ele administrava parecia de melhor qualidade do que o de seus colegas!
Os estudos a respeito de hipnóticos exigem, mais que tudo, controles sofisticados com drogas neutras - os placebos - uma vez que um terço dos pacientes adormecem com pílulas de talco enquanto que o melhor dos hipnóticos adormece dois terços dos insones. Há tendências nos USA de iniciar todo o tipo de tratamento farmacológico para insônia com placebo, uma vez que se resolveria uma boa parte dos casos sem necessidade de medicação eficaz.
Ora, se isso é válido para a medicina em geral, que dizer de sua eficácia nos tratamentos essencialmente psicológicos? É possível que todos os tipos de terapias alternativas, sem base teórica alguma, tenham sua eficácia apenas fundada no otimismo e nas belas palavras proferidas por quem ministra tal tipo de "tratamento". É provável também que o efeito placebo não tenha eficácia no longo prazo e jamais deveria ser visto como procedimento terapêutico por si. Porém, serve muito bem para o início de um relacionamento psicológico, para que se estabeleça um bom clima, um clima de confiança e otimismo que, sem dúvida alguma, aumenta muito as chances de se chegar a um bom resultado, especialmente quando a esse efeito se associa um procedimento terapêutico efetivo e eficaz.
O preparo intelectual e emocional do psicoterapeuta me parece cada vez mais fundamental. Não que eu seja favorável a procedimentos obrigatórios como o da "análise didática" imposta pelas sociedades de psicanálise; mas a realidade é que um bom terapeuta é portador de determinadas propriedades que deveriam ser a meta daqueles que se dedicam a esse ofício. Acho complicado um indivíduo muito pouco consciente de suas peculiaridades emocionais ser um bom terapeuta. Acho improvável que um drogado seja bom terapeuta, assim como um obsessivo-compulsiv o ou um portador de distúrbios da personalidade e precária formação moral. A confiança que um paciente tem que desenvolver em relação ao terapeuta para se sentir à vontade e confidenciar emoções e vivências desagradáveis não são compatíveis com tais características. O bom terapeuta tem que ser pessoa sincera; e espontânea. Tem que se comportar como é. Ou seja, não existe um tipo de terapeuta, um modo de ser terapeuta. O bom terapeuta é aquele que é ele mesmo!Acontece que para uma pessoa poder ser ela mesma tem que estar razoavelmente bem em sua própria pele. Isso não se consegue por decreto. Depende do indivíduo estar em conformidade com seus próprios valores. Ou seja, o terapeuta com boa auto-estima tem que ter, antes de tudo, um conjunto de valores aos quais se refere. Depois, tem que agir e viver em concordância com esses mesmos valores. Creio que esses são os ingredientes fundamentais do que se pode chamar de maturidade emocional e moral, condição indispensável para que o terapeuta não se perca em nenhuma das situações complexas e, por vezes, constrangedoras que envolvem o trato com pessoas nem sempre tão bem consigo mesmas e muito menos em paz com seus companheiros, inclusive com quem está tentando ajudá-lo.
O processo da empatia e eventuais outros mecanismos psíquicos que chamamos de intuitivos deverão, ao menos idealmente, se transformar em fórmulas racionais na alma do terapeuta. Isso para que ele esteja em ótimas condições de dar o melhor encaminhamento a cada situação. Não se trata de possuir fórmulas prontas. Tudo tem que ser resolvido ali e agora também pelo terapeuta. É preciso ousadia. É preciso que não se tenha medo de errar. É claro que ninguém procura o erro e nem se alegra com ele. Acontece que muitas vezes o erro é muito eficiente para o processo terapêutico: falo algo ao meu paciente que o deixa inquieto e insatisfeito - se falei aquilo é porque achei que estava ajudando e dando o encaminhamento adequado à situação; na consulta seguinte ele volta dizendo que não passou bem e começa de novo a relatar a situação que deu origem à minha má interpretação. Na própria forma de recontar sua história o paciente irá me dar a indicação de onde errei, de modo que poderei retomar uma rota adequada e produtiva, o que será imediatamente reconhecida por ele como tal, já que provocará sensação de alívio e bem estar. O paciente não se incomoda com nosso erro a menos que queiramos defendê-lo até à morte, tratando sua discordância como "resistência", o que, na maioria das vezes, é absurdo e óbvia manifestação de prepotência do profissional.
O bom terapeuta é pessoa serena, amadurecida emocional e moralmente, o que significa na prática que tolera bem frustrações e dores, que tem controle sobre suas emoções, especialmente as de natureza agressiva, que é capaz de ousar, errar, reconhecer o erro e aprender com ele, que tem princípios éticos e vive de acordo com eles. Sendo assim, passará a sensação de ser pessoa confiável, elemento indispensável para o bom andamento de uma relação assim íntima e complexa como é a relação terapêutica. Todo aquele que pretenda se aprimorar como psicoterapeuta terá que ter como meta seu próprio desenvolvimento emocional. Costumo dizer que eu sou o meu cliente favorito!
Sempre é bom lembrar que um bom terapeuta é pessoa séria e estudiosa, preocupado em expandir sua formação intelectual, sua base teórica. Terá que ser portador de um cérebro "poroso", o que significa uma capacidade permanente de reciclagem de estar sempre disposto a mudar de idéia se novos fatos - ou mesmo novas idéias - parecerem interessantes e eficientes. Não deve ser um mestre e sim um aprendiz. Deve colocar-se diante de cada paciente como se pudesse esquecer tudo o que sabe de psicologia e estivesse ali para aprender. É o oposto do que fazem quase todos, ou seja, tratar de rapidamente enquadrar o paciente em um dos seus rótulos e compartimentos. O bom terapeuta é bom ouvinte e está permanentemente aprendendo com todos aqueles com quem conversa. Essa é a razão pela qual a profissão pode ser fascinante por longo prazo. Muitas vezes me perguntaram como é que eu agüento trabalhar tantas horas e por tantos anos. Não estaria eu enjoado de ouvir sempre as mesmas histórias? Claro que não, porque minha postura é a da permanente renovação. Não estou atrás do que aquela dada história tem em comum com tantas outras que já ouvi. Estou atrás do que ela tem de original, de própria, de única. E sempre é possível encontrar algo de novo e fascinante mesmo no mais comum dos relatos.
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12 abril, 2009
É Páscoa
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13 março, 2009
Mundo Abundante
Mesmo lá no alto da montanha, onde quase ninguém põe os pés, desabrocham lindas e vistosas flores. É muito provável que tais flores terminem suas vidas sem que nenhum olho humano tenha oportunidade de apreciá-las. Apesar disso elas desabrocham com um belíssimo colorido e exalam agradáveis e envolventes aromas. Podemos encontrar nisso a infinita beleza e o Amor de Deus.
Este mundo não está planejado para atender apenas a necessidades mínimas e limitadas. Existem espaços vazios onde encontramos coisas aparentemente inúteis, sem que no entanto o sejam. Quem não conhece a beleza dessa aparente ociosidade, ou a necessidade de espaço vazio, não pode dizer que seja uma pessoa adulta.
Seicho Taniguchi
Este mundo não está planejado para atender apenas a necessidades mínimas e limitadas. Existem espaços vazios onde encontramos coisas aparentemente inúteis, sem que no entanto o sejam. Quem não conhece a beleza dessa aparente ociosidade, ou a necessidade de espaço vazio, não pode dizer que seja uma pessoa adulta.
Seicho Taniguchi
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